Justiça suspende ação por homicídio no desastre da Samarco em Mariana

Reuters

Publicado 07.08.2017 17:11

Justiça suspende ação por homicídio no desastre da Samarco em Mariana

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - A Justiça Federal em Minas Gerais suspendeu a tramitação do processo criminal movido pelo Ministério Público Federal contra 22 pessoas e quatro empresas, acusadas de 19 homicídios, crimes ambientais e outros delitos na tragédia decorrente do rompimento de uma barragem em Mariana (MG), o maior desastre ambiental do país ocorrido em novembro de 2015.

A denúncia, agora paralisada, envolve as empresas Samarco , Vale (SA:VALE5), BHP Billiton (AX:BHP) e VogBR Recursos Hídricos e havia sido recebida pela Justiça um ano depois do acidente.

As defesas de dois dos réus, Ricardo Vescovi (ex-presidente da Samarco) e Kleber Luiz de Mendonça Terra (ex-diretor de Operações e Infraestrutura), pediram na Justiça a anulação de toda a ação, desde o recebimento da denúncia, com o argumento de que houve uso de provas ilícitas.

Um dos questionamentos é que os dados de quebras de sigilo telefônico usados pelo Ministério Público Federal para elaborar a denúncia ultrapassaram o período que havia sido autorizado judicialmente.

Outra reclamação dos advogados é que a Samarco apresentou cópias de mensagens instantâneas e de emails enviados e recebidos para além do período autorizado pela Justiça, que foi de 1º de outubro e 30 de novembro de 2015. A empresa enviou informações dos anos de 2011 a 2014 que, questionaram os advogados, foram indevidamente objeto de análise pericial e consideradas na denúncia, o que desrespeitaria a "privacidade dos acusados".

Em sua decisão, o juiz Jacques de Queiroz Ferreira determinou o congelamento do andamento da ação. Ele argumentou que as defesas dos réus suscitaram "duas questões graves" que podem implicar a anulação de todo o processo desde o início. Ele afirmou, citando a Constituição, que são "inadmissíveis as provas obtidas ilicitamente".