Lula diz que aumentos de combustíveis mostram que Petrobras pode mais que Bolsonaro

Reuters

Publicado 08.10.2021 15:16

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - No dia em que a Petrobras (SA:PETR4) anunciou mais um aumento no preço da gasolina e do gás de cozinha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira a sequência de reajustes de preços promovidos pela estatal e disse que o presidente Jair Bolsonaro é incapaz de governar o país.

"O que está acontecendo é que a Petrobras tem uma direção mais importante que o presidente da República. A direção da Petrobras está mostrando que ela pode mais que o presidente da República", disse Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial do ano que vem, em entrevista coletiva em Brasília.

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"Se ele (Bolsonaro) não tem coragem de governar, não tem coragem de dizer que não vai aumentar, é um problema dele. Significa que o Brasil está precisando de um novo presidente para fazer justiça com o preço do combustível."

Mais de uma vez, Lula afirmou que o Brasil possuía capacidade de produzir e refinar petróleo sem precisar importar combustíveis e que não faz sentido vincular o preço no Brasil às variações externas.

Desde o governo de Michel Temer, que assumiu na esteira dos escândalos de corrupção na Petrobras, a gestão da empresa vincular o preço do combustível no Brasil à variação do dólar e do preço internacional do barril de petróleo.

"Eu não vejo sentido em querer agradar o acionista minoritário americano e não querer agradar o consumidor majoritário brasileiro. Ele deveria estar preocupado com essa gente", disse Lula.

"Então isso só demonstra que Bolsonaro é um garganta, é um cara que fala sem ter noção que está falando."

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h2 Carta ao povo brasileiro/h2

Ao ser perguntado sobre seus planos econômicos e sobre conselheiros nessa área, o ex-presidente negou que esteja planejando uma nova Carta ao Povo Brasileiro, nos moldes da que apresentou ao mercado financeiro durante o período eleitoral em 2002, antes de ser eleito presidente pela primeira vez.

"Eu acho que as pessoas de boa fé e minimamente inteligentes sabem que a melhor carta que eu posso assinar é eles lerem o que aconteceu na economia brasileira quando eu fui presidente", disse Lula. "Não precisa carta ao povo brasileiro. Eu tenho um legado que vale 50 cartas ao povo brasileiro."

Lula respondeu a críticas feitas a ele por querer um "Estado forte", e confirmou que essa é sim sua intenção.

"Eu quero um Estado forte sim. Não quero um Estado empresarial, eu quero um Estado com força para que seja um Estado indutor de desenvolvimento."

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O ex-presidente, que diz ainda não ter confirmado sua candidatura, mas que já fala como candidato, disse ainda que a economia não é um mistério, e que sua visão se baseia em ter credibilidade e previsibilidade.

"A questão econômica a gente resolve tendo credibilidade. Por isso uma coisa que para a gente é prioritária é recuperar o prestígio internacional do Brasil e nossas relações internacionais", afirmou.

"Economia tem que ter credibilidade. Quando você falar as pessoas precisam acreditar. E tem que ter previsibilidade. As pessoas precisam saber que não vão ser pegas de calça curta todo dia."