Lula diz que chamará indústria automotiva para conversar e cobra maior produção nacional

Reuters

Publicado 21.03.2023 16:12

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que chamará a indústria automotiva para discutir o cenário para o setor e afirmou que deseja que o país produza mais e importe menos veículos.

Ao menos quatro grandes montadoras do país (General Motors (NYSE:GM), Stellantis (NYSE:STLA), Hyundai Motor (KS:005380), e Mercedes Benz ETR:MBGn)) anunciaram recentemente períodos de férias coletivas, citando problemas que incluem o nível de demanda do mercado e falta de peças, como componentes eletrônicos.

"Como é que estamos passando o que estamos passando na indústria automobilística", questionou Lula na entrevista, aproveitando para fazer críticas ao empresariado, que, segundo ele deixaram de "pensar o Brasil".

"Temos que deixar de importar tantos carros e fabricar no Brasil. Se temos 30 indústrias automobilísticas no Brasil, nós temos que produzir carro aqui", disse Lula, se dizendo surpreso com os anúncios de férias coletivas.

Na entrevista ao canal TV 247 no YouTube, além de afirmar que vai chamar a indústria de veículos para entender o que está acontecendo, voltou a criticar o patamar da taxa de juros básico do país, de 13,75% ao ano.

As vendas de veículos novos em fevereiro foram as mais baixas para o mês desde pelo menos 2020 e o total licenciado no primeiro bimestre subiu 5,4% sobre o mesmo período de 2021, a 272,8 mil unidades, segundo dados da associação que representa o setor, Anfavea.

Procurada, a entidade não pode comentar o assunto de imediato. A capacidade de produção da indústria automotiva brasileira atualmente está em 4,5 milhões de veículos ante uma produção em 2022 de cerca de 2,37 milhões de unidades e uma previsão para 2023 de 2,42 milhões.

FÉRIAS COLETIVAS

General Motors, Stellantis, Hyundai, e Mercedes-Benz, entre outras montadoras, anunciaram períodos de férias coletivas com inícios que variam entre esta semana e meados de abril e que vão até início de maio.

A GM havia anunciado anteriormente a implantação de férias coletivas, entre 27 de março e 13 de abril, sob o argumento de "readequação da produção" da fábrica em São José dos Campos (SP).

Além da montadora norte-americana, a Stellantis, dona de marcas como Fiat e Jeep, informou que vai dar férias coletivas na fábrica de utilitários esportivos instalada em Goiana (PE).

A montadora ítalo-americana vai liverar um dos três turnos de trabalho a partir da quarta-feira, com retorno ao trabalho programado para 10 de abril. Além disso, em 27 de março, a montadora vai interromper produção nos outros dois turnos, com retorno previsto para 6 de abril.

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A Stellantis afirmou que outras fábricas no país não serão atingidas pela decisão que também foi tomadas por "necessidade de ajustar o volume de produção à disponibilidade de componentes".

Por sua vez, a Hyundai Motor começou período de férias coletivas na segunda-feira nos três turnos de sua fábrica de automóveis em Piracicaba (SP).

Segundo a montadora sul-coreana, "a ação tem como objetivo adequar os volumes de produção para o mês de março, evitando a formação de estoques e acompanhando a dinâmica do mercado interno de veículos para o primeiro trimestre do ano". A companhia citou que os "volumes originais de produção programados para os demais meses de 2023 permanecem inalterados".