Lula diz que Petrobras eleva preço de combustível para pagar acionista nos EUA

Reuters

Publicado 29.09.2021 16:20

Atualizado 29.09.2021 16:32

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial do ano que vem, criticou nesta quarta-feira a política de preços da Petrobras (SA:PETR4) e afirmou que a estatal eleva os preços dos combustíveis cobrados dos consumidores brasileiros para pagar dividendos a acionistas nos Estados Unidos.

A fala do petista foi uma reação ao anúncio mais recente de alta do preço do diesel nas refinarias, anunciado na véspera pela Petrobras. A estatal informou reajuste em quase 9% do combustível a partir desta quarta-feira, após 85 dias de estabilidade. Com o movimento, os preços médios de diesel e gasolina da Petrobras acumulam alta de mais de 50% neste ano.

"Mais uma alta do diesel. Não tem explicação subordinar os preços dos combustíveis ao mercado internacional. O que está acontecendo é que a Petrobras está acumulando verba pra pagar acionista americano. Não tem explicação", disse Lula em entrevista à Rádio Capital de Cuiabá, cujos trechos foram publicados na conta do petista no Twitter.

A Petrobras adotou uma política de preços pela qual reajusta os preços cobrados em suas refinarias no Brasil com base na oscilação do preço do petróleo no mercado internacional e na variação do real ante o dólar.

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A elevação do preço dos combustíveis tem sido um dos principais fatores na aceleração da inflação. O presidente Jair Bolsonaro, que as pesquisas mostram na segunda posição bem atrás de Lula na corrida ao Planalto no ano que vem, tem criticado o imposto sobre combustível cobrado por governadores de Estados e tem prometido que não interferirá na Petrobras. Os governadores negam que o ICMS seja o responsável pela elevação dos preços.

A estatal, por sua vez, afirmou na terça que o reajuste do diesel mais recente visa "garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras" e que o novo aumento "reflete parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio".