Marfrig dispara após acordo com Minerva, que vê ações desabarem com preocupação sobre alavancagem

Reuters

Publicado 29.08.2023 11:37

Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Marfrig (BVMF:MRFG3) disparavam mais de 10% na bolsa paulista nesta terça-feira, após acordo para vender por 7,5 bilhões de reais determinadas unidades de abate de bovinos e ovinos à Minerva (BVMF:BEEF3), que via seus papéis despencarem cerca de 16%.

O negócio, que contempla unidades de abate de bovinos e ovinos no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, inclui um sinal de 1,5 bilhão de reais recebidos na segunda-feira, enquanto o saldo de 6 bilhões do acordo será pago no fechamento da transação.

Por volta de 11h20, os papéis da Marfrig avançavam 10,4%, 7,43 a reais, melhor desempenho com folga do Ibovespa, que subia 0,88%, enquanto Minerva respondia pelo pior desempenho, com um tombo de 16,15%, a 9,14 reais.

Analistas da XP Investimentos (BVMF:XPBR31) avaliaram que a Minerva garantirá sua posição como principal exportadora da América do Sul com a operação, conforme relatório a clientes assinado por Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.

O acordo amplia a capacidade de abate em cerca de 44%, para mais de 42 mil cabeças/dia. Com isso, a companhia disse que passa a ser o segundo maior produtor de carne bovina na região.

Mas a XP destacou que a operação prejudica os resultados da Minerva, com uma alavancagem de cerca de 2,7 vezes dívida líquida/Ebitda se considerado o guidance para 2024 de 1,5 bilhão de reais para as fábricas da Marfrig envolvidas no negócio, embora o Ebitda implícito de 2022 seja menor mesmo ajustando por maiores margens e volumes.

Em relação à Marfrig, Alencar e Fonseca avaliaram que está caminhando na direção oposta, vendeu todas as fábricas com perfil de commodity e vai se tornar uma empresa com perfil mais próximo da BRF (BVMF:BRFS3), companhia na qual é a principal acionista.

"Temos pouca visibilidade sobre o que será a nova Marfrig, mas esperamos que as ações da Marfrig reajam positivamente refletindo o alívio da alavancagem e considerando o 'short interest' do papel de 20%", afirmaram.

A Marfrig afirmou que os seus complexos industriais da região com maiores escala e margens de lucro permanecem sob a gestão da companhia, que passa a ter uma receita consolidada anual de cerca de 130 bilhões de reais.

A empresa também ressaltou que continuará presente nos segmentos de bovinos e processados no Brasil, e com a fábrica de industrializados Pampeano, a maior exportadora brasileira de enlatados para Europa.