Mau humor com PEC dos Precatórios e incertezas globais derrubam Ibovespa

Estadão Conteúdo

Publicado 01.12.2021 15:43

Atualizado 01.12.2021 19:10

Mau humor com PEC dos Precatórios e incertezas globais derrubam Ibovespa

Se pela manhã o Ibovespa parecia ter deixado a derrocada de ontem para trás, à tarde o índice sucumbiu ao pessimismo, sobretudo com as alterações na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. Ao contrário de ontem em que apenas flertou com os 100 mil pontos, hoje o índice fechou cotado em 100.774,57 pontos, queda de 1,12% e menor patamar desde 05 de novembro de 2020. Para além das incertezas dos últimos dias em relação à quando a PEC será votada no plenário do Senado e se há o quórum necessário, pesou nos ativos a intenção dos senadores de já endereçar uma nova mudança no teto de gastos para 2026. A percepção, dizem estrategistas ouvidos pelo Broadcast, é de que isso selaria o fim da âncora fiscal.

"Apesar das mudanças, o teto ainda está vivo. No dia em que achamos que a PEC ia passar, nos 45 do segundo tempo, o (senador e relator da PEC, Fernando) Bezerra diz que talvez vai colocar um mecanismo para furar o teto em 5 anos. É quase dizer, na prática, que está tirando o teto", afirmou Rodrigo Natali, estrategista da Inversa.

Nem mesmo a intenção trazida pelo relator, no meio da tarde, de votar a proposta hoje no Senado foi suficiente para animar os investidores. Quase no fim do pregão, a sinalização foi invertida contudo e a análise do texto só deve ocorrer amanhã. A aprovação da PEC, apesar da deterioração fiscal causada pela mudança que o texto traz no teto de gastos, é vista como uma das principais incertezas domésticas. Isso porque, a cada dia em que fica no Congresso, a matéria está sujeita a mais mudanças e nova deterioração. "A PEC ainda é um monstro debaixo da cama. Cada dia em que o texto passa por mais um desafio, melhora essa incerteza. A cada novo ruído, piora um pouco", apontou Antonio Carlos Pedrolin, líder da mesa de renda variável da Blue3.

O mau humor foi acentuado no fim da tarde após a confirmação do primeiro caso da variante ômicron da covid-19 nos Estados Unidos derrubar os ativos globais. Em Nova York, as bolsas devolveram a recuperação do início do pregão e terminaram o dia no negativo. Com isso, o Ibovespa derreteu ainda mais até chegar à mínima do dia, aos 110.726,95 pontos (-1,17%). Bem distante da máxima, pela manhã, aos 104.086,68 (+2,13%).

Pedrolin destaca que o noticiário não tem dado brechas para otimismo e inspira a cautela que ganhou a queda de braço no mercado hoje. Além das dúvidas em relação à PEC no cenário doméstico, a variante ômicron coloca incertezas em relação à possibilidade de novos lockdowns e possíveis impactos no crescimento global e os mercados emergentes ainda digerem a perspectiva de uma retirada de estímulos (tapering) americano mais rápida que o previsto. Um tapering mais acelerado implica em subida de juros antes do estimado pelos EUA e uma fuga de capital natural de emergentes para ativos de menor risco.

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"Você vê a PEC, a dúvida em torno dela. Vê Powell com antecipação do tapering. Tudo isso vai trazendo um pouco mais de cautela. Acordamos positivo, com ressaca de ontem, o que é natural por movimento de recompra, mas à medida em que o pregão vai andando e dúvidas vão surgindo, há ajuste natural das posições", apontou o líder de renda variável da Blue3.

O mau humor doméstico, contudo, não foi suficiente para retirar o sinal positivo das ações da Petrobras (SA:PETR4), que sobem desde a manhã, apesar de a alta ter perdido muita força após a virada das cotações do petróleo no fim da tarde, que passaram a cair após a notícia da confirmação do primeiro caso da variante ômicron nos EUA.

O mesmo ocorreu com a petroquímica Braskem (SA:BRKM5), que sustentava a maior alta do índice, de mais de 5%. Apesar da cautela com a nova cepa, a percepção é de que uma possível pausa no aumento da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e a falta de progressos nas negociações sobre o acordo nuclear com o Irã devem diminuir o impacto da variante nos negócios.

Na outra ponta, o varejo segue sofrendo com a tempestade perfeita que se formou no setor: uma combinação de juros elevados, desemprego e endividamentos altos. Além disso, Natali, da Inversa, destaca que uma série de saques de grandes fundos multimercado e de bolsa nas últimas semanas, levados por uma migração de investidores da renda variável para juros, ajuda a derrubar as ações do setor. Destaque para Magazine Luiza (SA:MGLU3), que liderou as quedas no pregão hoje, com recuo de 11,7%.

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