Mercado Livre ofusca brasileiras no comércio digital - mais uma vez

Estadão Conteúdo

Publicado 21.08.2023 09:15

Mercado Livre ofusca brasileiras no comércio digital - mais uma vez

Em um trimestre ainda difícil para o varejo digital brasileiro, as reações aos resultados das principais empresas do ramo do País listadas em bolsa foram diversas e mostraram que o Mercado Livre (NASDAQ:MELI) segue na liderança, enquanto as brasileiras se reequilibram. Os números que mais agradaram ao mercado, mais uma vez, foram os do Mercado Livre. A Via (dona da Casas Bahia e do Ponto), por sua vez, teve resultados fracos, mas a reação do mercado foi positiva diante do plano de reestruturação apresentado. Por outro lado, o Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) enfrentou o mau humor dos investidores com um prejuízo maior que o previsto, apesar das sinalizações de que tempos melhores estão por vir. Sem divulgar números, a Americanas (BVMF:AMER3) contou também com o silêncio dos analistas.

O Itaú BBA comentou os resultados do Mercado Livre dizendo que, novamente, a empresa superou as estimativas, com sua rentabilidade. "Os ganhos robustos de lucratividade foram impulsionados por uma combinação da margem bruta, ventos favoráveis da alavancagem operacional e menores provisões. A dinâmica de ganhos do Mercado Livre continua a apoiar nossa visão de que sua estratégia assertiva está no caminho certo para consolidar o mercado de e-commerce da América Latina, com a aceleração de monetização da plataforma", escreveu o analista do Itaú BBA, Thiago Macruz, em relatório.

A companhia sinalizou que deve investir em crescimento para sustentar sua agenda de consolidação à frente, o que pode trazer expansão de margens menor nos próximos trimestres na comparação anual. Divulgados no início do mês, os dados da empresa argentina ajudaram a derrubar os papéis de Via e Magalu, em um sinal de que a corrida do comércio eletrônico no País tem, no momento, um ganhador claro.

Enquanto isso, as brasileiras ainda reorganizam suas estruturas inchadas durante a pandemia e há uma tentativa de reposicionar seus shoppings virtuais (marketplaces). O CEO da Via, Renato Franklin, disse a investidores que a companhia deve abandonar a venda própria de produtos com baixo valor agregado e deixá-los para lojistas em seu shopping virtual.

Sobre a concorrência, Franklin afirmou que a companhia não vê problema na chegada de novos comércios eletrônicos generalistas. "Vemos novas plataformas como oportunidades para prestar serviços", afirmou.

Já o CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, afirmou que a companhia vai dedicar essa plataforma a produtos de maior valor agregado. "Definimos, no marketplace, focar em produtos de R$ 200 a R$ 1 mil", disse. Para ele, essas famílias de produtos oferecem melhor rentabilidade e não ficam sujeitas à competição de novas plataformas. Estima-se que essa fatia de produtos represente de 45% a 50% do mercado atual online, segundo o vice-presidente de negócios do Magalu, Eduardo Galanternick.

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Vale lembrar que o Mercado Livre é maior que as brasileiras em vendas totais, mas tem uma operação bem menos relevante de comércio de estoque próprio. Seu negócio funciona basicamente com a venda de produtos de terceiros, sobre a qual são cobradas taxas. Via e Magalu operam as duas formas de comércio eletrônico, mas têm shoppings virtuais bem menores.

Segundo o ranking das 300 maiores varejistas em faturamento feito pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) e noticiado pelo Estadão, o Mercado Livre liderou a lista dos shoppings virtuais, com faturamento no País de R$ 80,5 bilhões no ano passado. Na sequência, estão Americanas (R$ 44,3 bilhões), Magazine Luiza (R$ 43,3 bilhões), Via (R$ 20,5 bilhões) e Amazon (NASDAQ:AMZN) (R$ 14,6 bilhões). O estudo também traz o ranking das dez maiores varejistas online, considerando apenas o faturamento obtido com estoque próprio. Essa lista é liderada pelo Magazine Luiza, com R$ 27,9 bilhões em vendas no varejo online em 2022.

Reestruturação

O segundo trimestre de prejuízo e vendas fracas da Via foi coadjuvante na divulgação de resultados da companhia. O que realmente chamou a atenção do mercado foi a divulgação do plano da nova gestão para fazer da varejista uma empresa rentável novamente. O plano da companhia foi considerado claro e factível em termos de execução pelos analistas e também com potencial de trazer mudanças necessárias para a companhia.

Na visão do analista do Banco Safra, Vitor Pini, a maior qualidade do novo plano da Via é sua simplicidade. "O que mais gostamos no novo plano é que tem muitas iniciativas mapeadas, é ousado, e, ao mesmo tempo, bastante simples - não parece exigir nenhuma 'ciência de foguete' para ser alcançado."

Já no Magazine Luiza, os gastos com ajustes surpreenderam negativamente os investidores. No geral, o mercado considerou o prejuízo apresentado maior do que o esperado e, ainda que a empresa tenha apontado tendências positivas pela frente, o número desanimou. Para a analista do BB Investimentos, Georgia Jorge, o resultado do segundo trimestre de 2023 do Magazine Luiza foi fraco. O destaque negativo foi o impacto de despesas não recorrentes de reestruturação e integração, que contribuíram para a retração de margem Ebitda e do resultado líquido.

O processo de incorporação dos braços financeiros da empresa sob a fintech do grupo foi feito sem ruídos, de acordo com o CFO da empresa, Roberto Belissimo. No trimestre, a companhia teve gastos com essa incorporação e, principalmente, com a unificação de unidades de logística adquiridas pela companhia no passado. Além disso, também fizeram parte de despesas não recorrentes do trimestre cortes na folha de pagamento de cargos administrativos (demissões) e o fechamento de dois centros de distribuição, um no Sul do País e outro no Nordeste, além de pontos de logística.

Após a teleconferência de resultados, porém, o Citi divulgou um comentário sobre o tom positivo da gestão para o futuro: "Sobre as vendas, a administração enfatizou que em junho os principais itens tiveram alta de um dígito alto e que a empresa se prepara para uma forte Black Friday. A gestão está confiante de que a redução gradual nas taxas de juros impulsionará os volumes de vendas para as principais categorias do Magazine", escreveram João Pedro Soares e Felipe Reboredo.

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