Morgan Stanley corta recomendação de ações brasileiras a "neutra" por risco fiscal

Reuters

Publicado 21.11.2022 12:51

Atualizado 21.11.2022 15:30

SÃO PAULO (Reuters) - Estrategistas do Morgan Stanley (NYSE:MS) cortaram a recomendação das ações brasileiras para "neutra" em seu portfólio para América Latina, citando crescentes riscos fiscais em 2023, de acordo com relatório enviado a clientes no domingo.

"A sequência dos eventos recentes reduz as chances de uma nomeação ortodoxa para o ministro da Fazenda, o afrouxamento fiscal deve levar a taxas de juros mais altas por prazos mais longos e os rendimentos reais mais altos dos títulos devem minar a tese de valuation aparentemente atraente para as ações", veem eles.

Na última semana, declarações do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o teor da PEC da Transição, que visa excluir da regra do teto de gastos os desembolsos com o Bolsa Família e faz outras alterações orçamentárias, geraram apreensão no mercado sobre a evolução da dívida pública do país.

Em paralelo, cresceram as especulações de que o petista Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, é o principal nome cogitado por Lula para comandar a Fazenda no próximo governo.

"Se ocorrer um cenário fiscal frouxo, os próximos anos devem ser bons para os ativos de renda fixa brasileiros, mas não para as ações", afirmaram Guilherme Paiva e equipe.

Ainda assim, eles calculam o Ibovespa em 125 mil pontos no final de 2023 - uma valorização de quase 15% frente ao fechamento da última sexta-feira. Porém, distante da máxima histórica de 131.190,30 pontos, considerando dado intradia, alcançada em junho do ano passado.

Em paralelo, os estrategistas elevaram a recomendação das ações mexicanas para "overweight" diante do cenário do Morgan Stanley de desaceleração suave da economia norte-americana, bem como possível mudança nas perspectivas para os setores de eletricidade e energia.