Mortes por câncer infantil no Brasil foram relacionadas ao cultivo de soja, aponta estudo

Reuters

Publicado 01.11.2023 17:19

Por Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) - Um recente estudo associou o cultivo de soja ao aumento nas mortes por câncer infantil no Brasil, maior produtor e exportador mundial da oleaginosa e um dos principais consumidores dos pesticidas usados no controle de doenças e pragas nas plantações.

O estudo, publicado na segunda-feira na PNAS, revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, concluiu que, à medida em que o cultivo de soja se expandia no Brasil, "a exposição a pesticidas agrícolas foi associada ao aumento da mortalidade por câncer infantil entre a população indiretamente exposta a esses produtos químicos".

Os pesquisadores dos EUA descobriram uma relação entre a produção de soja e a exposição comunitária a agroquímicos, incluindo o glifosato, um herbicida amplamente utilizado e que algumas sementes de soja geneticamente modificadas são concebidas para tolerar.

“Encontramos um aumento estatisticamente significativo na leucemia pediátrica após a expansão da produção local de soja”, afirmou o artigo da PNAS, com base em dados brasileiros de incidência de câncer infantil e mortalidade por doenças, abrangendo um período de 15 anos.

O maior uso de pesticidas provavelmente está contaminando o abastecimento de água perto das fazendas de soja, especularam os pesquisadores.

Especificamente, o estudo encontrou uma correlação entre o cultivo da soja e a leucemia linfoblástica aguda (LLA), o câncer de sangue mais comum em crianças.

Houve 123 mortes adicionais de crianças menores de 10 anos entre 2008 e 2019 devido à LLA, após a expansão da produção de soja no Brasil, descobriram os pesquisadores.