MRV vai manter volume de unidades e aposta em elevação de preços

Reuters

Publicado 19.07.2023 17:08

Por Patrícia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) - A MRV&Co não tem intenção de crescer em volume de unidades e continuará subindo os preços acima da inflação para aumentar a rentabilidade, disse o diretor financeiro do grupo, Ricardo Paixão, em entrevista à Reuters, após a construtora levantar 1 bilhão de reais com uma oferta subsequente de ações.

O grupo imobiliário precificou seu "follow-on" na última quinta-feira em 12,80 reais por papel, em captação cuja operação base, segundo Paixão, visava entre 750 milhões a 1 bilhão de reais. As 78,19 milhões de novas ações passaram a ser negociadas na B3 (BVMF:B3SA3) na segunda-feira.

A movimentação ocorre em um momento de atualização do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, do governo federal, que deve aquecer o setor, mas Paixão negou que a operação tivesse relação com as novas regras, uma vez que a incorporadora não pretende crescer em número de unidades.

"Os novos parâmetros do Minha Casa Minha Vida, eles ajudam muito, tanto o ritmo de vendas, como margem... Aumenta muito, na verdade, o poder de compra dos consumidores. No caso da MRV (BVMF:MRVE3), a gente não tem intenção de crescer o volume, o número de unidades, nosso direcionamento estratégico aqui é deixar a companhia do tamanho que está", disse Paixão.

Segundo o executivo, a construtora quer impulsionar a receita com aumentos sustentados de preços e usará os recursos captados para redução de dívida dentro da operação brasileira de incorporação imobiliária, o principal negócio do grupo.

"A gente cresceu bastante o preço nos últimos 18 meses, vamos continuar crescendo o preço acima da inflação", disse. "Volume constante e o preço crescendo faz com que a nossa receita cresça bastante, e a rentabilidade também cresce."

O executivo citou previsão da operação Brasil da MRV&Co - que inclui, além da incorporação, as unidades Urba, Luggo e Resia - de redução de alavancagem em cerca de 25 pontos percentuais, para 40% até o final do ano, ante 65,2% no final do primeiro trimestre. O grupo informou dívida líquida de 3,32 bilhões de reais ao final de março relativa a operações no Brasil, conforme balanço de resultados do primeiro trimestre.