Bloomberg Línea Brasil
Publicado 25.12.2021 08:21
Atualizado 26.12.2021 21:13
Os 5 principais IPOs de 2021 na Bolsa brasileira, segundo gestor
Em 2021, 45 companhias concluíram oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na B3 (SA:B3SA3). A mais recente foi o grupo Vittia (SA:VITT3), que atua no setor de defensivos agrícolas, no último dia 2 de setembro. De lá para cá, a piora das condições macroeconômicas do mercado, com a maior aversão ao risco por parte dos investidores, interrompeu o intenso movimento de abertura de capital na Bolsa brasileira, verificado sobretudo no primeiro semestre do ano.
A pedido de Bloomberg Línea, o sócio da iHub Investimentos, Paulo Cunha, apontou os cinco principais IPOs do ano, considerando o perfil das operações. Por ordem cronológica da realização das operações, eis a seleção:
#1 Espaçolaser, rede de clínicas de depilação, primeira empresa de serviços de beleza a fazer um IPO na B3.
“É a primeira do segmento de beleza, estética. Devem vir outras quando o mercado melhorar. Mostra a força desse segmento. E é bom, porque dá uma amplitude maior de segmentos de ações para o investidor poder ter aqui na B3, que era muito restrito a bancos, commodities , enfim. Todos os IPOs estão com perda no ano, mas porque o ano está muito difícil. Não é uma particularidade dos IPOs, das próprias empresas. A Espaçolaser conseguiu se destacar no seu segmento”, diz Cunha.
#2 Mosaico, plataforma de conteúdo e originação de vendas, dona das marcas Zoom, Buscapé e Bondfaro.
“A Mosaico, assim como várias outras, é mais voltada para essa questão de tecnologia. A B3 deu um boom neste ano em empresas de tecnologia. Tem várias plataformas, com diversos serviços diferentes. A Mosaico é uma das maiores e mais emblemáticas do segmento de sites de comparação de vendas, de buscas. É bem interessante ter também esse segmento de tecnologia dentro da B3. Vale esse destaque”, comentou o gestor.
#3 CSN Mineração, subsidiária de uma das maiores produtoras e exportadoras de minério de ferro do Brasil.
“A CSN (SA:CSNA3) atua num setor mais tradicional, mas o minério de ferro, que agora está caindo um pouco, subiu bastante de 2020 para 2021, as commodities de uma maneira em geral, dada a queda dos juros, os estímulos que a gente viu nos EUA e aqui. Isso fez disparar o preço do minério. Não só a Vale (SA:VALE3) subiu muito, mas possibilitou que a CSN Mineração fizesse um IPO emitindo ações num preço bastante convidativo para ela. Acabou sendo um destaque pelo minério de ferro”, disse Cunha.
#4 - Modalmais, banco digital do Banco Modal.
“Se por um lado os bancos tradicionais vêm apanhando bastante na Bolsa, com a desconfiança quanto ao futuro deles, se vão conseguir ser rentáveis e manter as margens, em um setor de alta concorrência, você vê, por outro lado, bancos digitais como Modal, Inter (SA:BIDI11) e Nubank (NYSE:NU) (SA:NUBR33), conseguir fazer IPO bem-sucedidos e captar bastante dinheiro no mercado de modo a financiar seus investimentos vultuosos. O Modalmais é um caso emblemático, faz um bom contraponto, representa esse setor dos bancos digitais”, afirmou o gestor.
#5 - SmartFit, companhia do ramo de academias.
“A Smart Fit inovou bastante no ramo das academias. Colocou planos com baixo custo, espalhadas pelo Brasil todo. Este setor é relativamente sem muita inovação, não há nada tecnológico. Foi só o modelo de negócios em si. Merece destaque nesse sentido. Essas empresas que escolhi destacam o perfil dos IPOs que a gente teve: muitas empresas de tecnologia, bancos digitais, plataformas, clínicas de beleza, e academias, que estão ligados também nessa questão de saúde”.
No ano que vem, o mercado vê um cenário mais desafiador para as ofertas iniciais de ações. Roderick Greenlees, que chefia o banco de investimento no Itaú BBA, líder em IPOs brasileiros neste ano, disse que o banco espera entre 10 a 20 listagens de empresas brasileiras em 2022.
A possível redução do número de IPOs no ano que vem se deve à expectativa de maior volatilidade no mercado brasileiro com a previsão de alta de juros nos EUA e eleição presidencial no Brasil, em outubro.
Em relatório intitulado “Perspectivas Brasil 2022″, o banco BTG Pactual (SA:BPAC11) analisou que algumas empresas que concluíram ofertas iniciais de ações nos últimos anos chegam ao ano que vem mais capitalizadas, o que deve ajudá-las a enfrentar as turbulências esperadas.
“O lucro de bancos e seguradoras são beneficiados por maiores taxas Selic, pelo menos no curto prazo, refletindo as características peculiares desses negócios. Tecnologia/Software é outro setor que deve se beneficiar do aumento das taxas de juros, mas não por causa de quaisquer especificidades do setor. A verdadeira razão é que várias empresas recentemente fizeram IPO e estão bem capitalizadas (por exemplo,a ClearSale (SA:CLSA3)) ou levantaram recursos em follow-on recentes (por exemplo, Locaweb (SA:LWSA3), Sinqia (SA:SQIA3), Totvs (SA:TOTS3))”, observou a instituição.
Companhias que engavetam os prospectos de suas ofertas iniciais podem voltar a acionar os bancos para tirar do papel seus planos de abrir capital. Concorrente da Smart Fit, a rede de academias Bluefit é uma dessas, apurou a Bloomberg Línea com uma pessoa familiarizada com a empresa. Para isso ocorrer, o cenário macroeconômico teria de melhorar para motivar os investidores a apostar em papéis de companhias estreantes.
Com a proliferação da variante ômicron, da Covid-19, no fim de 2021, a sinalização da atual fase da pandemia - com o retorno de restrições à mobilidade em diversos países - não é nada animadora para o primeiro semestre do ano que vem.
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Escrito por: Bloomberg Línea Brasil
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