Preços de energia no Brasil despencam após revisão de projeções de carga, diz Itaú BBA

Reuters

Publicado 09.04.2024 15:50

SÃO PAULO (Reuters) - Os preços de contratos de energia elétrica negociados no mercado livre despencaram após a divulgação da atualização de estimativas para o crescimento da carga no Brasil por parte de órgãos do setor elétrico ligados ao Ministério de Minas e Energia, disse o Itaú BBA em relatório.

Na sexta-feira passada, foi divulgada a primeira revisão das previsões de carga para 2024-2028 elaboradas por Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS), Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A projeção agora é de um crescimento anual de 3,2% na carga, atingindo 89.257 megawatts (MW) médios ao final do período.

O ajuste realizado foi pequeno, contrastando as expectativas dos agentes, que esperavam uma revisão mais forte das projeções para consumo no país, segundo o banco. Além disso, os recursos provenientes da geração distribuída cresceram substancialmente, exercendo ainda mais pressão negativa sobre os preços da energia.

"Como resultado, a maioria das mesas de comercialização de energia com as quais tivemos contato hoje viu os preços da energia caindo abaixo de 100 reais/MWh para o segundo semestre de 2024, enquanto os preços de compra/venda para 2025 ficaram mais próximos de 120 reais/MWh", disse o BBA, em relatório.

A notícia vem como um "balde de água fria" para a trajetória de alta dos preços da energia nos últimos meses, que tinham subido em reação a chuvas fracas para o período chuvoso, que é crítico para recuperar os reservatórios das usinas hidrelétricas do país.

Com a queda, os preços de contratos de fornecimento até 2025 despencarem mais de 25% em relação ao seu pico recente no início de março, apontou o analista Fillipe Andrade e equipe.

Segundo o banco, o movimento é negativo para companhias elétricas que possuem grandes volumes de energia descontratados disponíveis para comercializar nos próximos anos. Entre as empresas mais expostas à dinâmica de preços de curto prazo, são mencionadas a Eletrobras (BVMF:ELET3) e a Copel (BVMF:CPLE6).

"Vale ressaltar que a volatilidade nos preços de energia pode ter permitido que ambas as empresas diminuíssem sua exposição no primeiro trimestre de 2024", ponderou.