Bancos brasileiros devem registrar crescimento fraco de lucros em 2020

Reuters

Publicado 28.01.2020 11:40

Por Carolina Mandl e Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - Os maiores bancos brasileiros listados provavelmente verão pouco ou nenhum crescimento de seu lucro líquido em 2020, após anos de altas de dois dígitos, de acordo com analistas.

Na quinta-feira, o Banco Santander Brasil (SA:SANB11) abrirá a temporada de balanços do setor, no que analistas enxergam como o fim de uma era de crescimento do lucro, pelo menos por enquanto.

Uma recuperação econômica gradual, baixas taxas de inadimplência e ganhos extraordinários em créditos fiscais provavelmente impulsionaram o lucro líquido dos maiores bancos em até 20% ao longo do último ano em relação a 2018, mostraram relatórios de analistas.

Ainda assim, os acionistas estarão atentos às previsões para 2020 do Itaú Unibanco, Banco do Brasil (SA:BBAS3), Banco Bradesco (SA:BBDC4) e Banco Santander Brasil para ver se correspondem às baixas expectativas deles.

"Pode ser um dos primeiros anos em uma década em que o resultado dos grandes bancos pode até pode vir com queda de lucro", disse o gestor de ativos Ricardo Campos, sócio-fundador da empresa da Reach Capital.

Dentre os fatores que podem afetar os resultados estão tributos mais altos, a imposição de limite à taxa de juros do cheque especial, a taxa básica de juros em mínima histórica e uma concorrência mais acirrada com as startups de tecnologia financeira, ou fintechs.

Após anos de amplas margens de lucro em um mercado bancário muito concentrado, com os cinco maiores bancos do Brasil detendo 82% do total de ativos, startups como o Nubank estão desafiando os bancos tradicionais, ajudados por novas regulamentações que promovem a concorrência.

"A perspectiva para a receita com tarifas e serviços dos bancos não é positiva porque novos players estão entrando neste mercado, fintechs, varejistas e até mesmo operadoras de telefonia", disse o analista Marcel Campos, da XP Inc.

Como parte dos esforços para atrair a concorrência e reduzir os custos para o consumidor, o Banco Central decidiu em novembro limitar as taxas de juros do cheque especial.

Analistas do Bank of America disseram em nota a clientes que o limite do cheque especial deve reduzir 3% do lucro líquido dos bancos este ano.

Os lucros também serão prejudicados por tributos, já que o governo aumentou a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos de 15% para 20%.