Recuperação judicial da Virgin Orbit ameaça sonhos espaciais do Japão

Reuters

Publicado 10.04.2023 13:19

Atualizado 10.04.2023 14:15

Por Eimi Yamamitsu

TÓQUIO (Reuters) - O pedido de recuperação judicial da Virgin Orbit, do bilionário britânico Richard Branson, foi um golpe duro nas esperanças do Japão de construir uma indústria espacial doméstica, com os planos para a construção de um porto espacial em Kyushu paralisados por falta de financiamento.

A prefeitura de Oita, que abriga o maior número de fontes termais do Japão, firmou parceria com a Virgin Orbit em 2020 para criar seu primeiro porto espacial na Ásia no Aeroporto de Oita. A Virgin Orbit utiliza um Boeing (NYSE:BA) 747 como veículo lançador de foguetes em pleno voo.

A Virgin Orbit vinha se promovendo como uma plataforma de lançamento de satélites militares e de inteligência para os Estados Unidos e seus aliados, incluindo o Japão, em um momento em que Washington e Tóquio enxergam com preocupação a ascensão da China como uma potência espacial.

O objetivo original era lançar pequenos satélites a partir de Oita já no ano passado, mas isso nunca aconteceu após duas falhas recentes no lançamento de foguetes.

Duas empresas japonesas, a unidade da ANA Holdings, All Nippon Airways Trading, e a pouco conhecida startup japonesa de desenvolvimento de satélites iQPS, surgiram entre os seis principais credores assim que a Virgin Orbit entrou com pedido de recuperação judicial, na terça-feira passada.

"Ficamos desapontados quando soubemos do anúncio, pois esperávamos que a situação melhorasse", disse a iQPS sobre o pedido de recuperação judicial. "Esperamos que a Virgin Orbit retome seus negócios para o desenvolvimento da indústria espacial global."

A prefeitura de Oita estimou que o porto espacial, semelhante à instalação da Virgin Orbit na Cornualha, na Inglaterra, traria benefícios econômicos de cerca de 10,2 bilhões de ienes (77,4 milhões de dólares) para a região ao longo dos cinco anos a partir de seu lançamento inicial.