EXCLUSIVO- Gazprom diz à Europa que parada do fornecimento de gás está fora de seu controle

Reuters

Publicado 18.07.2022 09:44

Atualizado 18.07.2022 14:45

Por Julia Payne

LONDRES (Reuters) - A russa Gazprom disse a clientes na Europa que não pode garantir o fornecimento de gás por causa de circunstâncias "extraordinárias", de acordo com uma carta vista pela Reuters, aumentando a aposta de um confronto econômico com o Ocidente sobre a invasão da Ucrânia por Moscou.

Datada de 14 de julho, a carta dizia que a estatal monopolista russa de gás estava declarando força maior nos suprimentos, a partir de 14 de junho.

Conhecida como uma cláusula de "ato de Deus', a força maior é padrão em contratos comerciais e especifica circunstâncias extremas que isentam uma parte de suas obrigações legais.

A Gazprom não fez comentários imediatos sobre a força maior.

A Uniper, maior importadora de gás russo da Alemanha, estava entre os clientes que disseram ter recebido uma carta e que havia rejeitado formalmente a alegação como injustificada.

Sem compartilhar a carta, uma fonte do mercado, pedindo para não ser identificada devido à sensibilidade da questão, afirmou que a força maior dizia respeito ao fornecimento através do gasoduto Nord Stream 1, uma importante rota de fornecimento para a Alemanha e outros países.

Os fluxos através do gasoduto estão zerados, pois a estrutura passa por manutenção anual que começou em 11 de julho e deve terminar na quinta-feira.

A Europa teme que Moscou possa manter o gasoduto paralisado em retaliação às sanções impostas à Rússia pela guerra na Ucrânia, aumentando uma crise de energia que corre o risco de levar a região à recessão.

ATRASO COM TURBINA

Já em 14 de junho, a Gazprom havia reduzido a capacidade do gasoduto para 40%, citando o atraso de uma turbina sendo reparada no Canadá pelo fornecedor de equipamentos Siemens Energy (ETR:ENR1n).

O Canadá enviou a turbina do gasoduto Nord Stream para a Alemanha de avião em 17 de julho, após a conclusão dos trabalhos de reparo, informou o jornal Kommersant na segunda-feira, citando pessoas familiarizadas com a situação.