Senado aprova texto-base da MP da privatização da Eletrobras

Reuters

Publicado 17.06.2021 17:46

Atualizado 17.06.2021 18:15

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - Com 42 votos favoráveis e 37 contrários, o Senado aprovou nesta quinta-feira o texto principal da medida provisória da privatização da Eletrobras (SA:ELET3), maior elétrica da América Latina, nos termos de parecer apresentado pelo relator, o senador Marcos Rogério (DEM-RO).

Como o relatório modificou a proposta encaminhada pelos deputados, a MP deve retornar à Câmara para uma segunda análise, o que deve acontecer na próxima segunda-feira, conforme previsão do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

Antes, no entanto, senadores precisam concluir a votação de emendas que serão votadas separadamente e podem alterar ainda mais o texto.

Pelo texto aprovado no Senado, a desestatização será executada na modalidade do aumento do capital social, por meio da subscrição pública de ações ordinárias com renúncia do direito pela União, que detém 61% na empresa e terá sua fatia diluída.

A oferta de ações da Eletrobras deve levantar ao menos 25 bilhões de reais, de acordo com expectativa já divulgada por integrantes do governo, para que a empresa pague esse montante ao Tesouro em outorgas pela renovação de contratos de hidrelétricas.

Depois da operação, a previsão é de que a Eletrobras ainda tenha de direcionar outros 25 bilhões de reais para aliviar tarifas nos próximos anos, uma vez que a elétrica terá contratos renovados das hidrelétricas em condições mais favoráveis.

Apesar das polêmicas geradas pela inclusão no texto da MP da contratação compulsória de térmicas a gás natural, um ponto bastante criticado no projeto, o relator disse que o processo de privatização vai resultar em redução do preço da energia.

Para garantir a aprovação da matéria, o relator acatou emendas dos colegas --muitas delas restritas a questões regionais e sem relação direta com o escopo principal da MP, como o caso das térmicas.

Ainda assim, o assunto enfrentava resistências e as sondagens de votos do início desta quinta, tanto do lado da oposição, quanto do lado de governistas, davam conta de um placar bem apertado.

O cenário foi mudando, à medida que sugestões dos senadores eram incorporadas ao texto, e o clima tornou-se favorável à aprovação da matéria.

A estratégia de lançar mão de emendas para prestigiar os colegas na MP foi criticada por alguns senadores, que apontaram o risco de aumento das tarifas de energia.

"A MP da Eletrobras é uma irresponsabilidade. Estamos falando de barganhas que estão acontecendo nas últimas horas. Cada parlamentar está regateando megawatts. Querem tratar o projeto como se fosse uma xepa energética. Isso é uma vergonha", publicou o líder da Minoria na Casa, Jean Paul Prates (PT-RN), no Twitter.

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Mesmo senadores de campos menos à esquerda, que apoiariam uma capitalização da empresa, também criticaram.

"Está passando a boiada inteira na MP da Eletrobras. A fauna é completa: tem boi na linha, jabuti na árvore, bode na sala, dose pra elefante e teimoso como mula. Mas o que mais tem é lobo em pele de cordeiro. A verdade é que milhões de brasileiros vão 'pro brejo' por conta do aumento da conta", avaliou a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Na mesma linha, o senador Oriovisto Guimarães (PODE-PR) afirmou: "Sou partidário ao Estado mínimo, mas não aceito este 'tratoraço' que estão querendo fazer nesta medida provisória, que trata da privatização da Eletrobras. Por isso, votarei contra".