Setores têm resultados positivos no 2T21, diz Inter; confira destaques

Investing.com

Publicado 19.08.2021 14:51

Atualizado 19.08.2021 15:31

Por Ana Beatriz Bartolo

Investing.com - O Banco Inter (SA:BIDI11) avaliou como positiva a temporada de balanços do segundo trimestre deste ano, levando em consideração a evolução das receitas das companhias e a recuperação de margens. Para os próximos trimestres de 2021, entretanto, o banco levanta dúvidas sobre o cenário local, em meio à escalada de custos, impactos inflacionários e os riscos políticos e fiscais. 

O cenário atual, segundo o relatório divulgado, aponta para a continuidade da recuperação do setor de serviços, por causa do avanço da vacinação e da redução nas restrições de mobilidade. O varejo e a indústria tendem a crescer limitados pela normalização de padrões de consumo, gargalos na oferta e alta nos preços. Já o setor agropecuário seguirá enfrentando condições climáticas adversas. 

Sob o olhar da política nacional, a questão orçamentária pressiona as condições financeiras, ainda mais diante da perspectiva de déficit primário nos próximos anos. A possibilidade de parcelamento dos precatórios e os impactos fiscais incertos da reforma do imposto de renda também levantam um alerta, considerando que o próximo ano é eleitoral e pode trazer instabilidade.

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Sobre a inflação, o IPCA acumulou 8,99% nos 12 meses até julho, pressionado principalmente pelo combustível e energia elétrica. A evolução inflacionária desfavorável fez o Banco Central voltar a subir a taxa Selic para 5,25% e deve obrigá-lo a seguir com novas altas até pelo menos 7% no fim do ano, na visão do banco Inter.

Confira agora as análises de cada setor.

Bancos/h2

Os resultados dos bancos no 2T21 vieram de acordo com as expectativas tanto para as receitas de serviços e tarifas quanto para o mercado de crédito que segue aquecido no varejo, puxado principalmente pelas linhas de crédito imobiliário, consignado e crédito pessoal.

Outras linhas de receitas, como as de assessoria financeira e mercado de capitais, também se beneficiaram do bom momento do mercado financeiro no país e apresentaram fortes resultados.  A inadimplência segue sob controle em todas as instituições, com níveis de cobertura acima do recorrente. 

Apesar disso, o Inter alerta para a pressão nas margens financeiras, que seguem com taxas médias baixas e pressionadas pelo menor spread de crédito com o aumento da taxa Selic impactando o custo de funding. 

Entre as empresas do setor, o relatório destaca o Santander (SA:SANB11), que continua com resultados fortes e rentabilidade acima da média das companhias semelhantes. Por outro lado, o Bradesco (SA:BBDC4) é apontado de forma negativa, sofrendo com o forte impacto da 2ª onda de Covid-19 no seu resultado com seguros, no qual a sinistralidade atingiu altos níveis.

Construção/h2

Apesar das incertezas de médio prazo, o setor de construção apresentou resultados robustos no trimestre. Além da forte aceleração nos lançamentos, as construtoras apresentaram bom desempenho nas vendas e mantiveram majoritariamente sua VSO em níveis elevados. 

O Inter aponta que com exceção da Tenda (SA:TEND3), que viu a pressão dos insumos reduzir as suas margens, as demais construtoras tiveram êxito na estratégia de repasses e, aliado à boa procura pelos lançamentos, reportaram um inesperado avanço na margem bruta e lucros operacionais sólidos. 

Sendo a única companhia a superar as projeções de vendas líquidas e mostrar avanço marginal na velocidade de vendas, a Direcional (SA:DIRR3) foi destacada no setor pelo banco.

Elétricas e Saneamento/h2

O setor elétrico está aquecido pelo aumento no consumo de energia, que demonstra uma recuperação econômica do país. Com isso, as empresas de distribuição têm apresentado resultados melhores, como a Equatorial (SA:EQTL3), que surpreendeu os analistas do banco ao apresentar um EBITDA superior em 25% ao projetado. 

Por outro lado, o segmento de geração hídrica segue com cenário desafiador, com o nível dos reservatórios comprometidos e, por consequência, reduzindo a capacidade de produção dessas empresas. Diante disto, a Aes Brasil (SA:AESB3) reportou um 2T21 abaixo de seu potencial, segundo o Inter. 

Por fim, na parte de saneamento básico, o relatório destaca os bons números operacionais de Sanepar (SA:SAPR11) e Copasa (SA:CSMG3), principalmente com controle de custos mais estrito. Sabesp (SA:SBSP3), contudo, desapontou, uma vez que a elevação dos custos acabou comprometendo os resultados. 

Mineração/h2

Os preços recordes das commodities, especialmente do minério de ferro, nos mercados internacionais impulsionaram as receitas das empresas do setor, junto com o crescimento nas vendas, em razão da demanda aquecida com a forte recuperação econômica global. Assim, as companhias apresentaram recordes de faturamento e boa evolução de margens. 

Ambas as empresas cobertas pelo banco Inter, Vale (SA:VALE3) e CSN Mineração (SA:CMIN3), trouxeram excelentes resultados no trimestre, embora levemente abaixo das expectativas. O ponto negativo foi o efeito oposto da alta das commodities, que elevou os custos, em especial combustível e carvão.

O relatório também destaca um ponto de alerta para o segundo semestre, em que com os custos elevados e os preços acomodando, e possivelmente cedendo, é possível que as margens fiquem um pouco mais comprimidas, mesmo com volumes de vendas ainda elevados.

Papel e Celulose/h2

As receitas das empresas do setor refletiram a alta nos preços, principalmente da celulose no trimestre, aponta o Inter. Os maiores volumes e a alta de preços compensaram os custos mais elevados.

Para o próximo trimestre, os analistas esperam por uma demanda ainda em alta, com os drivers do setor mantidos - em especial o movimento de substituição de plástico, avanço do e-commerce e produtos de embalagens, e maior consumo de papéis para fins sanitários. A alta dos custos ainda deve impactar, podendo pressionar as margens no curto prazo.

Saúde/h2

A permanência da pandemia, junto com a retomada de procedimentos eletivos, fez com que as empresas do setor de saúde tivessem um crescimento expressivo das receitas. Entretanto, essa alta foi acompanhada por um aumento nos custos e nas despesas.

O Inter destaca os resultados da Rede D'Or (SA:RDOR3), que apresentou faturamento e Ebitda recordes, impulsionados pelo maior fluxo de pacientes nos hospitais, com manutenção de altas taxas de ocupação e a retomada dos medidas e cirurgias eletivas, que possuem margens mais elevadas. 

Seguradoras/h2

O forte avanço nos prêmios emitidos principalmente nos ramos Rural, Empresarial/Massificados e Vida mostram uma recuperação no setor, considerando até mesmo o período pré-pandemia. Por outro lado, a Sinistralidade nos ramos ligados a pessoas como Vida, Prestamista e Habitacional pesou contra os resultados, afetando mais o BB Seguridade (SA:BBSE3). 

O ramo de seguro saúde também foi bem comercialmente, com o aumento do número de beneficiários no trimestre, visto nos resultados da Sul América (SA:SULA11). Entretanto, o pagamento de sinistros  também pesou contra os resultados, por conta de maiores custos hospitalares em razão da Covid-19 e da volta de procedimentos eletivos. 

Entre as empresas do setor, o Inter destaca a Porto Seguro (SA:PSSA3), que apresentou um bom crescimento e lucros acima do esperado, ainda beneficiados pela menor sinistralidade no ramo de automóveis, que segue se normalizando com a retomada gradual das atividades.

Shoppings/h2

Embora as vendas e o fluxo de veículos nos estacionamentos tenham ficado abaixo do esperado pelos analistas do banco, o setor apresentou números operacionais positivos, com o avanço nas receitas de locações. Apesar de algumas administradoras ainda terem locações abaixo do 2T19, algumas já superam o patamar pré-pandemia.

Além disso, as companhias mantiveram estabilidade marginal na taxa de ocupação e boa eficiência nas margens. Com maior alívio no PDD e menores restrições de funcionamento, as companhias tiveram custos diretos menos pressionados.

O Inter aponta que houve um comportamento homogêneo por parte das empresas do setor, mas apontou a Multiplan (SA:MULT3) como destaque positivo, devido às margens mais robustas.

Siderurgia/h2

O setor apresentou resultados acima do esperado, impulsionados pelo aumento dos preços, maior controle dos custos e maior demanda local, onde as margens de vendas são maiores. 

Na visão dos analistas do Inter, praticamente todas as companhias tiveram desempenho positivo de volumes e preços, com destaque para os braços de mineração. 

Varejo e consumo/h2

A reabertura das lojas, associada ao avanço da vacinação, datas comemorativas e aumento da inflação, fez com que o setor de varejo e consumo tivesse um crescimento sólido em comparação com 2020 e 2019.  Porém, se descontar o efeito inflacionário, o faturamento ainda está abaixo do patamar pré-pandemia. 

Em comparação com o 2T20, o e-commerce desacelerou, ao passo que o canal de lojas físicas registrou robusto crescimento, em comparação com o ano passado em que elas estavam fechadas. 

Para as empresas de alimentos, a alta inflação compensou as receitas, mesmo com a volta de serviços de bares e restaurantes. Por fim, no consumo discricionário, também começou a ser retomada, com a volta de aulas, escritórios e a liberação de atividades sociais e esportivas. 

O Inter destaca os resultados positivos da Vivara (SA:VIVA3), que tem como público uma classe social mais resiliente e menos impactada pela pandemia e que ainda vivenciou uma demanda reprimida por joias, em virtude do adiamento de casamentos e nascimentos. Ademais, atingiu 14,7% de market share do mercado brasileiro de joalherias, impulsionada pela operação digital, que representa 17,3% das vendas e pela solidez da marca.

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