Software russo disfarçado chega aos aplicativos do Exército dos EUA e do CDC

Reuters

Publicado 14.11.2022 12:01

Atualizado 14.11.2022 13:40

Por James Pearson (LON:PSON) e Marisa Taylor

LONDON/WASHINGTON (Reuters) - Milhares de aplicativos para smartphones nas lojas online da Apple (NASDAQ:AAPL) e do Google (NASDAQ:GOOGL) contêm um código de computador desenvolvido pela empresa de tecnologia Pushwoosh, que se apresenta como norte-americana, mas na verdade é russa, descobriu a Reuters.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), principal agência sanitária dos Estados Unidos, disse que foi enganado ao acreditar que o software tinha sede no país e removeram o Pushwoosh de sete aplicativos voltados ao público, citando preocupações de segurança.

O Exército norte-americano disse que removeu um aplicativo contendo o código Pushwoosh em março, por causa das mesmas preocupações. O aplicativo foi usado por soldados em uma das principais bases de treinamento de combate do país.

De acordo com documentos da empresa publicados na Rússia, a Pushwoosh tem sede na cidade siberiana de Novosibirsk, onde está registrada como empresa de software que também processa dados, emprega cerca de 40 pessoas e registrou receita de equivalente a 2,4 milhões de dólares no ano passado.

A Pushwoosh está registrada no governo russo para pagar impostos. Mas nas mídias sociais e documentos regulatórios dos EUA, ela se apresenta como tendo sede em Washington D.C., Califórnia e Maryland.

O Pushwoosh dá suporte de código e processa dados para desenvolvedores de software, para que eles criem o perfil da atividade online dos usuários de aplicativos de smartphone e enviem notificações personalizadas dos servidores Pushwoosh.

Em seu site, a Pushwoosh diz que não coleta informações confidenciais. A Reuters não encontrou nenhuma evidência de que a Pushwoosh manipulou mal os dados de usuários. As autoridades russas, no entanto, obrigam empresas locais a entregar os dados dos usuários às agências de segurança domésticas.

O fundador da Pushwoosh, Max Konev, disse à Reuters em um e-mail de setembro que a empresa não tentou mascarar suas origens russas. "Tenho orgulho de ser russo e nunca esconderia isso."Ele disse que a empresa "não tem conexão com o governo russo de qualquer tipo" e armazena seus dados nos EUA e na Alemanha.

Especialistas em segurança cibernética dizem que armazenar dados no exterior não impede as agências de inteligência russas de obrigar uma empresa do país a ceder o acesso a esses dados.

O código Pushwoosh foi instalado nos aplicativos de uma variedade de empresas internacionais, organizações sem fins lucrativos e agências governamentais, incluindo Unilever (LON:ULVR) à Uefa e o grupo de lobby de armas dos EUA, a National Rifle Association (NRA) e o Partido Trabalhista britânico.

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Os negócios da Pushwoosh com agências governamentais e empresas privadas norte-americanas podem violar contratos e as leis da Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) ou desencadear sanções, disseram 10 especialistas jurídicos à Reuters. O FBI, o Tesouro e a FTC se recusaram a comentar.

Washington pode optar por impor sanções a Pushwoosh e tem autoridade para fazê-lo, disseram especialistas.

O código Pushwoosh foi incorporado em quase 8 mil aplicativos nas lojas do Google e da Apple, segundo o Appfigures, site de inteligência de aplicativos. O site da Pushwoosh diz que tem mais de 2,3 bilhões de dispositivos listados em seu banco de dados.