Taxas futuras de juros no Brasil sobem com perspectiva de adiamento de flexibilização monetária nos EUA

Reuters

Publicado 02.04.2024 16:50

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As rendimentos dos títulos norte-americanos voltaram a subir em meio à percepção de que o início dos cortes de juros nos EUA pode ser adiado.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 9,945%, ante 9,924% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,97%, ante 9,932% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,265%, ante 10,219%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,585%, ante 10,528%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,08%, ante 11,012%.

Na segunda-feira as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) já haviam registrado altas superiores a 10 pontos-base em alguns vencimentos, após dados positivos da indústria norte-americana reforçarem apostas de que o Federal Reserve pode iniciar o processo de corte de juros em julho -- e não em junho, como vinha sendo precificado.

Na manhã desta terça-feira outros dados deram força à visão de um Fed mais cauteloso antes de cortar juros. As novas encomendas de produtos fabricados nos EUA aumentaram 1,4% em fevereiro, depois de terem caído 3,8% em janeiro, informou o Departamento de Comércio. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 1,0%.

Já o relatório Jolts mostrou poucas mudanças no mercado de trabalho. As vagas de emprego disponíveis -- uma medida da demanda por trabalho -- subiram em 8 mil, para 8,756 milhões até o último dia de fevereiro, informou o Departamento do Trabalho. Os dados de janeiro foram revisados para baixo, mostrando 8,748 milhões de vagas disponíveis, em vez dos 8,863 milhões informados anteriormente.

Os números de segunda e de terça-feira sustentaram a abertura da curva de juros norte-americana, com reflexos no mercado brasileiro.

“Todos estes dados apontam para uma atividade mais forte que o esperado e um mercado de trabalho mais forte que o esperado”, pontuou Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

“Nas últimas semanas, tem voltado a tese de “no landing” (sem pouso), de que a economia dos EUA está muito forte, sem sinais de enfraquecimento, e por isso não seria prudente o Fed cortar juros. A curva de juros abrindo em todos os vértices lá fora e aqui tem a ver com isso”, acrescentou.

Durante a tarde o yield do Treasury de dez anos se afastou do pico do dia, o que também fez as taxas dos DIs reduzirem os ganhos.

Ainda assim, a alta nesta terça-feira foi consistente: o vencimento para janeiro de 2027, por exemplo, atingiu o pico de 10,290% (+7 pontos-base) às 14h32, para depois encerrar em 10,265% (+5 pontos-base).

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Perto do fechamento, a curva a termo brasileira precificava 91% de chances de o corte da taxa básica Selic em maio ser de 50 pontos-base, como vem sinalizando o Banco Central. As apostas em corte de apenas 25 pontos-base estão em 9%. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

Profissionais do mercado têm afirmado que, com a reprecificação do início da baixa de juros nos EUA de junho para julho (ou para depois disso), a possibilidade de o Banco Central do Brasil cortar a Selic em 50 pontos-base também em junho diminui.