Taxas futuras de juros têm nova queda firme com perspectiva de início de cortes da Selic

Reuters

Publicado 09.06.2023 16:48

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros retomaram nesta sexta-feira a trajetória mais recente de queda no Brasil, elevando a perspectiva de início do ciclo de cortes da Selic no futuro próximo, em um ambiente ainda marcado pelos índices de inflação mais fracos divulgados nas últimas semanas.

Na contramão do exterior, onde os rendimentos dos Treasuries sustentavam ganhos, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) apresentaram queda firme nesta sexta, em especial no contrato para janeiro de 2025, cuja taxa caiu 18 pontos-base.

Por trás do movimento esteve a leitura de que os índices mais recentes de inflação abriram espaço para o Banco Central começar a cortar a taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

Na última quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA subiu 0,23% em maio. Este é o resultado mais fraco desde setembro de 2022 (-0,29%). O dado somou-se a um conjunto de indicadores de inflação que, recentemente, apontaram para o arrefecimento dos preços: IPCA-15, IGP-M e IGP-DI.

No mercado financeiro ainda há dúvidas, no entanto, sobre quando exatamente começarão os cortes.

Com o movimento desta sexta-feira, a curva a termo precificava no fim da tarde 18% de chances de o BC cortar a Selic em 0,25 ponto percentual na reunião deste mês. A probabilidade de manutenção é de 82%.

Para a reunião de agosto, a curva precificava cerca de 92% de chances de corte de 0,25 ponto percentual. Os outros 8% precificam manutenção da taxa em 13,75% ao ano.

“A questão dos juros hoje está dentro de uma janela que estamos vivendo, importante no Brasil. O principal ‘drive’ é o processo de desinflação”, comentou o gestor de renda fixa da Kínitro, Maurício Ferraz.

“Os números de inflação estão rodando abaixo do esperado. A perspectiva de que o BC poderia entrar no ciclo de corte de juros no terceiro ou no quarto trimestre deste ano está se materializando, e o mercado está se antecipando cada vez mais a este início de cortes”, acrescentou.

Em análise distribuída a clientes, economistas da XP (BVMF:XPBR31) avaliaram que “alimentos e combustíveis são os principais responsáveis pelo resultado benigno, embora a desinflação tenha sido generalizada entre os itens do IPCA”.

Segundo eles, “esse resultado é consistente com nosso cenário de que o Banco Central iniciará um ciclo gradual de cortes de juros em agosto.”