Usiminas vê sobreoferta de aço da China e tendência de queda de custo no 4º tri

Reuters

Publicado 28.10.2022 14:23

SÃO PAULO (Reuters) - O mercado internacional está com excesso de oferta de aço por siderúrgicas da China, que têm praticado margens negativas, e pressionado os preços da liga no exterior, afirmaram executivos da Usiminas (BVMF:USIM5) nesta sexta-feira.

A companhia no momento trava negociações de contratos de fornecimento com montadoras de veículos para o próximo ano e avalia que o nível de reajuste nos preços não será tão intenso quanto o ocorrido no início deste ano em que houve aumentos de 60% a 70%.

"A situação atual do mercado é desafiadora e o setor siderúrgico está com margens comprimidas com sobreoferta de produto chinês com margens negativas", disse o diretor comercial da Usiminas, Miguel Camejo, em teleconferência com analistas.

A companhia divulgou mais cedo queda no lucro do terceiro trimestre sobre um ano antes, pressionada por alta de custos, mas o desempenho veio acima do esperado pelo mercado.

Apesar disso, as ações da principal fornecedora de aço para o setor automotivo do Brasil exibiam queda de 4,3% às 14h20, enquanto o Ibovespa recuava 0,3%.

Com a pressão externa, produtores nacionais têm mais dificuldade para impor reajustes de preços a seus produtos. Nesta semana, o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, citou um mercado nacional reticente diante da expectativa em torno das eleições e disse que os preços da liga no país tendem a ficar estáveis no final deste ano, "com viés de queda".

"Não faz sentido tomarmos isso (preços praticados pela China) como referência...Temos 60 dias para concluirmos as negociações com as montadoras e vamos chegar a acordos para continuarmos sendo o fornecedor mais importante para o setor automotivo", disse Camejo. Ele acrescentou que o preço médio dos produtos da Usiminas em setembro ficou 5% abaixo da média do terceiro trimestre.

A situação manterá a Usiminas, que tradicionalmente foca no mercado interno, na busca por exportações no quarto trimestre, até pela sazonalidade, visto que montadoras já estão anunciando férias coletivas para o final de dezembro. "Estamos focados em produtos de alto valor agregado para termos margens mais razoáveis no mercado de exportação", disse Camejo.

A Usiminas iniciou no terceiro trimestre o processo de formação de estoque de placas de aço para lidar com a reforma geral do enorme alto forno 3 da usina em Ipatinga (MG). O equipamento será paralisado em abril e a reforma vai levar 110 dias, disseram executivos da companhia.

Mas o diretor financeiro da Usiminas, Thiago Rodrigues, afirmou que a companhia, que elevou o estoque em 83 mil toneladas no terceiro trimestre, espera uma redução no custo de aquisição de placas nos três últimos meses do ano.

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