Varejistas e investidores europeus pedem que Brasil barre projeto de regularização fundiária

Reuters

Publicado 04.05.2021 20:12

Por Simon Jessop e Jake Spring

LONDRES/BRASÍLIA (Reuters) - Um grupo de empresas europeias, incluindo Tesco (LON:TSCO) e Marks & Spencer (LON:MKS), ameaçou parar de usar commodities agrícolas brasileiras se o Congresso aprovar projeto de lei que altera regras de regularização fundiária em terras da União e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Defensores do meio ambiente alertam que a proposta incentivaria o desmatamento ao recompensar grileiros que ocupam propriedades ilegalmente na floresta amazônica, muitas vezes derrubando áreas para uso agrícola.

Os defensores do projeto dizem que somente trazendo as propriedades para o sistema legal elas podem ser forçadas a cumprir as leis que limitam o desmatamento na Amazônia a 20% das propriedades privadas.

Varejistas como Metro e John Lewis, bem como investidores como a maior empresa de previdência da Noruega, KLP, disseram que as proteções ambientais do Brasil são cada vez mais inadequadas, enquanto a lei de regularização fundiária pode apresentar riscos ainda maiores para a Amazônia.

"Se esta ou outras medidas que minam essas proteções existentes se tornarem leis, não teremos escolha a não ser reconsiderar nosso apoio e uso da cadeia de suprimentos de commodities agrícolas brasileiras", escreveram as empresas europeias em uma carta aberta aos parlamentares brasileiros, divulgada nesta terça-feira.

O Brasil é o maior exportador mundial de soja e carne bovina.

O projeto estava programado para votação no Senado na semana passada, mas foi adiado em meio a críticas de ambientalistas. Os líderes do Congresso disseram que a medida precisa de mais discussão e indicaram que poderia ser submetida a uma votação novamente esta semana.