Vestas vê competição com aerogeradores importados no Brasil e busca reforçar cadeia local

Reuters

Publicado 12.09.2023 15:27

Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - As turbinas eólicas produzidas no Brasil pela dinamarquesa Vestas (CSE:VWS) estão enfrentando concorrência mais acirrada de produtos importados em um contexto de enxugamento da indústria local, após algumas companhias globais terem interrompido sua produção, e de isenção de impostos a máquinas trazidas do exterior.

"Recentemente, enxergamos a entrada de alguns competidores trazendo essas turbinas, e como resultado disso, a Vestas para competir com essas turbinas importadas precisa ir além do preço da turbina", disse Nelson Gramacho Gomes Neto, head de Supply Chain da Vestas para a América Latina, à Reuters.

A Vestas também divulgou um estudo sobre como ampliar a competitividade e eliminar gargalos da indústria eólica no Brasil, no qual aponta que seria preciso estabelecer uma isonomia competitiva entre as turbinas de fabricantes que operam no mercado nacional e os produtos importados, "que dispõem de isenção total de impostos".

Para permanecer competitiva, a Vestas vem apostando em "diferenciais", reforçando por exemplo os serviços prestados aos clientes nas fases de operação e manutenção, afirmou.

"Se olhar simplesmente o preço, à primeira vista, ela (turbina importada) é mais competitiva. Porém, trazemos outros valores adicionados, como conteúdo local que habilita para o Finame (linha do BNDES)", observou o executivo, em conversa durante o evento Brasil WindPower, em São Paulo.

Ele ainda mencionou novas parcerias firmadas para reparo local de suas turbinas.

O aumento das importações de turbinas eólicas para atender o Brasil ocorre após fabricantes do setor enfrentarem turbulências em todo o mundo, com disrupção nas cadeias de fornecimento aliada a uma pressão por mais entregas no contexto mundial de transição energética.

No caso brasileiro, a norte-americana GE deixou de produzir aerogeradores localmente no ano passado. Neste ano, a gigante Siemens Energy (ETR:ENR1n) também paralisou produção em meio a problemas enfrentados pela companhia em todo o mundo, e que em alguns casos chegaram a atrasar a entrada em operação de projetos de geradoras.

"Esse é um sintoma que a cadeia local precisa ser reforçada, porque a gente não via isso acontecendo há dois, três anos, eram situações (de importações) muito mais pontuais", disse o executivo da Vestas.

Ele observou também que alguns competidores "despriorizaram" o Brasil diante da atratividade de outros mercados que vêm oferecendo pesados incentivos para produção de equipamentos voltados à transição energética.

A Vestas, que tem no Brasil seu sexto maior portfólio de geradores instalados, produz equipamentos em Fortaleza (CE) e tem espaço para aumentar sua capacidade produtiva anual, de cerca de 2,5 GW, se necessário, afirmou Gramacho.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora