Mercado Livre investirá R$10 bi no Brasil em 2021

Reuters

Publicado 01.03.2021 18:24

Atualizado 01.03.2021 20:15

Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - O Mercado Livre (NASDAQ:MELI) anunciou nesta segunda-feira que vai investir 10 bilhões de reais no Brasil em 2021 para marcar posição em seu principal mercado, ao ver a América Latina como a região de maior crescimento do comércio eletrônico no mundo.

O valor, equivalente ao investido pela empresa no país nos últimos quatro anos, foi divulgado na esteira do crescimento explosivo das operações no quarto trimestre e vem após anúncios de investimentos bilionários rivais, incluindo da norte-americana Amazon (NASDAQ:AMZN) no país.

Segundo o presidente de Commerce da companhia para a América Latina, Stelleo Tolda, os recursos serão investidos em logística, incluindo caminhões, aviões e novos armazéns, além de ampliar a oferta de crédito de seu braço financeiro e de produtos em seu marketplace, como de supermercados.

"Temos condições de gerar uma recorrência maior dos nossos clientes", disse Tolda em entrevista à Reuters.

O faturamento do Mercado Livre quase dobrou no período, indicando que o comércio online seguiu ganhando terreno, mesmo com flexibilização parcial do isolamento imposto para conter a Covid-19. A receita líquida somou 1,3 bilhão de dólares de outubro a dezembro, alta anual de 96,9% em dólares.

Isso, mesmo com a forte depreciação cambial que atingiu todas as moedas da região no período, no encalço da crise provocada pela pandemia. Se medida pela divisa de cada país, a receita cresceu 148,5%. O Brasil, que responde por 54% da receitas, teve alta de 68% em dólar e de 120% em real.

O volume bruto de vendas (GMV, na sigla em inglês) no trimestre somou 6,6 bilhões de dólares, alta anual de 69,6% em dólar e 109,7% em moeda constante, com o Mercado Livre colhendo os frutos de maiores investimentos, como na capacidade logística e na prateleira de serviços financeiros.

O Mercado Livre e outros como a Amazon têm anunciado investimentos bilionários em logística nos últimos meses para ganharem escala na América Latina, região onde o comércio online mais cresce no mundo, segundo dados da consultoria e-Marketer.

Investimentos pesados em tecnologia e em logística própria reduziram a dependência de terceiros e ampliaram a eficiência de custos no processo, disse o executivo.

"Três anos atrás, 95% das nossas encomendas eram entregues pelos Correios; no fim de 2020, esse percentual havia caído para menos de 10%", afirmou Tolda.

A rede do serviço de logística do grupo, Mercado Envios, atingiu no Brasil uma penetração de 79% do total das entregas no quarto trimestre ante 68% na comparação anual.