Presidente do Google no Brasil diz que empresa quer evitar regulação "perversa"

Reuters

Publicado 27.06.2023 16:15

Por Patrícia Vilas Boas

SÃO PAULO, 27 Jun (Reuters) - O presidente do Google Brasil, Fabio Coelho, defendeu nesta terça-feira um maior diálogo a respeito da regulação das plataformas digitais no país, afirmando que a empresa quer evitar uma legislação "aparentemente boa", mas que possa vir a ser "perversa" para todos.

Em coletiva de imprensa durante o evento anual Google for Brasil, o executivo disse que a empresa não é contra a regulação das plataformas digitais e que está em diálogo com as autoridades brasileiras para discutir o tema, que atualmente está sendo tratado pelo Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).

"O diálogo é para melhorar uma regulação, para que ela não seja aparentemente boa, mas que possa vir a ser perversa para todo mundo. Essa é a nossa ideia", disse Coelho a jornalistas.

Segundo Coelho, a empresa está em discussões com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o próprio relator do chamado "PL das Fake News", deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), e o governo federal para o estabelecimento de uma regulação que "seja boa para todo mundo", sem especificar quais seriam suas demandas ou o que consideram equivocado na proposta.

Em abril, o Google, da Alphabet (NASDAQ:GOOGL), lançou um manifesto assinado pelo diretor de relações governamentais e políticas públicas do Google Brasil, Marcelo Lacerda, contrário à aprovação de uma legislação "apressada". O texto diz que a proposta poderia cercear direitos fundamentais e colocar em risco a liberdade de expressão.

Mais tarde, no mesmo mês, a plataforma chamou atenção ao exibir na página inicial do mecanismo de buscas do Google a chamada "O PL das fake news pode piorar sua internet", que redirecionava para um texto também assinado por Lacerda trazendo inúmeras críticas ao texto do Projeto de Lei 2630.

A iniciativa levou a empresa a se tornar alvo de um inquérito no STF aberto pelo ministro Alexandre de Moraes após solicitação apresentada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que questionou a conduta das empresas na discussão da proposta que tramita na Casa.

O "PL das Fake News" propõe a regulação das plataformas digitais no país. O texto teve o regime de urgência aprovado na Câmara em abril, mas foi retirado de pauta no início de maio diante da resistência do plenário e em meio à pressão pública das big techs contra a proposta.

Um trecho em discussão no STF prevê que as redes sociais só podem ser responsabilizadas por conteúdos de usuários caso descumpram ordem judicial.