Alemanha e Israel condenam comentários de presidente palestino sobre Holocausto

Reuters

Publicado 17.08.2022 10:42

Por Miranda Murray e James Mackenzie

BERLIM/JERUSALÉM (Reuters) - O chanceler alemão, Olaf Scholz, expressou desgosto nesta quarta-feira pelas declarações do presidente palestino, Mahmoud Abbas, afirmando que diminuíram a importância do Holocausto, enquanto Israel acusou Abbas de contar uma "mentira monstruosa".

Durante uma visita a Berlim na terça-feira, Abbas acusou Israel de cometer "50 Holocaustos" em resposta a uma pergunta sobre o 50º aniversário do ataque à equipe israelense por militantes palestinos nas Olimpíadas de Munique, em 1972.

"Para nós alemães em particular, qualquer relativização da singularidade do Holocausto é intolerável e inaceitável", tuitou Scholz nesta quarta-feira. "Estou enojado com as declarações ultrajantes feitas pelo presidente palestino Mahmoud Abbas."

O gabinete de Scholz convocou o chefe da missão diplomática palestina em Berlim para protestar contra as declarações de Abbas, disse um porta-voz do governo alemão.

O primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, chamou os comentários de "desgraça".

"Mahmoud Abbas acusar Israel de ter cometido 50 Holocaustos não é apenas uma desgraça moral, mas uma mentira monstruosa", disse Lapid no Twitter.

Em resposta ao clamor, Abbas emitiu uma declaração chamando o Holocausto da Alemanha nazista, no qual 6 milhões de judeus foram mortos, de "crime mais hediondo da história humana moderna".

Ele afirmou que seu comentário na terça-feira não pretendia negar a singularidade do Holocausto, mas destacar "os crimes e massacres cometidos contra o povo palestino desde a Nakba nas mãos das forças israelenses".

Nakba, ou catástrofe, é o termo que os palestinos usam para descrever o êxodo em massa de palestinos que fugiram ou foram expulsos de suas casas na guerra de 1948 que acompanhou a criação do Estado de Israel.

O Conselho Central de Judeus na Alemanha expressou "horror" com os comentários de Abbas, que, segundo a entidade, atropelaram a memória dos 6 milhões de judeus que morreram e mancharam a de todas as vítimas do Holocausto.

Ao lado de Scholz, Abbas se referiu a uma série de incidentes históricos em que palestinos foram mortos por israelenses na guerra de 1948 e nos anos seguintes.