Argentina entra em crise com ameaça de demissão de ministros ligados a Cristina Kirchner

Reuters

Publicado 15.09.2021 20:00

Por Walter Bianchi e Nicolás Misculin

BUENOS AIRES (Reuters) - O governo argentino entrou em crise, nesta quarta-feira, depois que vários ministros que pertencem à ala alinhada à ex-presidente Cristina Kirchner apresentaram seus pedidos de demissão ao presidente Alberto Fernández, após a retumbante derrota eleitoral sofrida pelo peronismo nas eleições legislativas de domingo.

As demissões, que ainda não foram aceitas por Fernández, implicam em uma crise para coalizão governista peronista de centro-esquerda, que sofreu uma surra ao obter apenas 30% dos votos nas primárias para as eleições intermediárias, contra cerca de 38% da centro-direita.

Caso o resultado se repita nas eleições legislativas de novembro, o governo perderia o controle do Congresso.

A mídia local tem noticiado nas últimas semanas sobre o crescente descontentamento da ala "kirchnerista" mais radical do governo com as políticas econômicas moderadas de Fernández.

O presidente se reuniu à tarde com os ministros mais leais, que manifestaram publicamente seu apoio, para analisar os passos a seguir e definir se as renúncias serão aceitas.

“Todo o meu apoio a Alberto Fernández, uma síntese da unidade popular para alcançar o país que queremos”, disse a ministra da Segurança, Sabrina Frederic, no Twitter.

Claudio Moroni, ministro do Trabalho, afirmou que mantém seu apoio “total e incondicional ao presidente Alberto Fernández por tudo o que ele representou como a síntese do que o povo votou em 2019”.

Mais cedo, os ministros do Interior, Eduardo De Pedro; da Cultura, Tristán Bauer; Meio Ambiente, Juan Cabandié, e Ciência e Tecnologia, Roberto Salvarezza, apresentaram seus pedidos de demissão, segundo porta-vozes do governo e da coalizão governista.