Bunge eleva projeção de lucros para 2022 com oferta agrícola pressionada por guerra

Reuters

Publicado 27.04.2022 09:09

Atualizado 27.04.2022 16:20

Por Karl Plume e Ruhi Soni

(Reuters) - A trading global de commodities agrícolas Bunge (NYSE:BG) divulgou nesta quarta-feira um aumento do lucro ajustado trimestral e elevou sua previsão de lucro para o ano inteiro em 21% devido à demanda robusta e à oferta mais apertada de culturas essenciais desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.

A guerra exacerbou a já escassa oferta de grãos e oleaginosas após a redução das safras na América do Sul e em outras importantes áreas de produção, aumentando a demanda e elevando as margens de processamento dos cultivos para a Bunge.

Os resultados estão alinhados aos ganhos robustos relatados pela rival Archer-Daniels-Midland Co (NYSE:ADM) na terça-feira.

As ações da Bunge subiram 5% para 120,80 dólares na Bolsa de Nova York, após atingirem um recorde na semana passada, e subiram quase 30% este ano.

Os resultados da Bunge evidenciaram como os comerciantes globais de grãos resistiram ao aumento dos preços das safras e às interrupções na cadeia de suprimentos desencadeadas pela guerra Rússia-Ucrânia. As duas nações fornecem quase um terço das exportações mundiais de trigo, um quinto do milho comercializado globalmente e cerca de 80% do óleo de girassol.

A oferta mundial de grãos e óleos vegetais não se recuperará das interrupções causadas pela guerra por "um longo período de tempo", de modo que outros produtores e processadores, principalmente na América do Sul, terão um papel maior na contenção da inflação de alimentos, disse o presidente-executivo da Bunge, Greg Heckmann.

"Haverá uma longa extensão nisso porque a infraestrutura foi danificada. Há logística marítima que precisa ser resolvida. Tem águas que precisam ser desminadas", disse ele.

A instalação portuária da Bunge em Mykolaiv sofreu danos nos combates no mês passado, mas executivos da empresa disseram na quarta-feira que não parece ser significativo.