Hidroxicloroquina é alvo de testes padrão ouro em meio a questões políticas

Reuters

Publicado 22.05.2020 20:03

Atualizado 23.05.2020 12:10

Por Nancy Lapid

(Reuters) - Na luta contra a Covid-19, o medicamento contra a malária hidroxicloroquina se tornou uma questão política ao ser defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tomar o medicamento e o saudar como um "divisor de águas", para desdém dos críticos.

Alguns estudos já foram realizados sobre a hidroxicloroquina e a cloroquina, incluindo um publicado nesta sexta-feira e que mostra um risco maior de morte e problemas cardíacos em pacientes com coronavírus que os usaram em comparação com aqueles que não os tomaram. Porém, os médicos estão aguardando que o debate sobre a eficácia destas drogas no tratamento da Covid-19 seja definido por testes científicos padrão ouro. Os resultados de algumas destas pesquisas são esperados já para a próxima semana.

A pesquisa envolve testes aleatórios que comparam as duas drogas com um placebo, sem que médicos, nem pacientes, fiquem cientes quem recebeu o quê.

Em experimentos de laboratório, a hidroxicloroquina e a cloroquina inibiram o novo coronavírus e médicos em várias partes do mundo passaram a dar hidroxicloroquina, a menos tóxica entre as duas, para os pacientes. Porém, os primeiros resultados destas aplicações do medicamento nos pacientes foram bastante decepcionantes.

A hidroxicloroquina, por exemplo, não conseguiu reduzir a necessidade de respiradores ou o risco de morte em pacientes graves com Covid-19, na Universidade de Columbia.

O estudo publicado no periódico médico Lancet envolveu quase 96 mil pacientes hospitalizados, incluindo 15 mil tratados com hidroxicloroquina ou cloroquina. Não se tratou de um estudo aleatório, mas de uma análise retrospectiva de prontuários que podem mostrar correlação e não causalidade.

A agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos (FDA) alertou no mês passado contra o uso da hidroxicloroquina, aprovada pela primeira vez em 1955, devido aos riscos de provocar batimentos cardíacos irregulares perigosos.