Lucro da M. Dias cai em 2022 por custo alto e rescaldo da guerra; prevê reação para 2023

Reuters

Publicado 17.03.2023 18:40

Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) - A M. Dias Branco (BVMF:MDIA3) registrou quedas no lucro líquido do quarto trimestre e no consolidado de 2022, pressionadas pelos efeitos da guerra na Ucrânia sobre as cotações de insumos como o trigo, mas espera um 2023 mais promissor com custos menores e preço médio sustentado em seu portfólio, disse um executivo da companhia à Reuters nesta sexta-feira.

A empresa, que é líder nos mercados de biscoitos e massas no Brasil, teve um lucro de 15,5 milhões de reais no quarto trimestre do ano passado, forte recuo de 89,7% ante igual período de 2021, enquanto o lucro anual somou 481,8 milhões, queda de 4,6%, conforme balanço financeiro.

A geração de caixa operacional medida pelo Ebitda ficou em 121,3 milhões de reais no trimestre, redução de 33,6% contra os três últimos meses de 2021. No acumulado de 2022, porém, cresceu 31,7% para 900,4 milhões de reais.

"Os custos da companhia subiram pela alta nos preços das commodities em dólar, com a guerra entre Rússia e Ucrânia... que são players relevantes na exportação de trigo", afirmou o diretor executivo de Relações com Investidores e Novos Negócios da M. Dias Branco, Fabio Cefaly.

Ele disse que a entrada da safra nacional de trigo, no segundo semestre de 2022, e a ampliação da oferta do cereal saindo da Ucrânia por um corredor de exportação no Mar Negro --que esfriou os preços da commodity na Bolsa de Chicago-- não foram suficientes para arrefecer os custos da empresa ainda em 2022, devido à sua estratégia de carregamento de estoques e hedge.

Em geral, a M. Dias conta com um estoque médio de quatro meses para o trigo e óleo de palma, então, quando a guerra eclodiu no Leste Europeu em fevereiro do ano passado, a companhia já havia adquirido insumos a preços menores.

Em contrapartida, quando as cotações globais das commodities começaram a recuar, os impactos também chegaram mais tarde para a empresa.

"Eu não vi o impacto da guerra no final do primeiro tri e no segundo tri. Começamos a ver no terceiro tri e bastante no quarto... A melhora nos preços externos não foi vista nos nossos resultados de 2022, mas será vista no futuro", disse ele.

Segundo o executivo, as despesas com insumos estão diminuindo atualmente e "em algum momento isso vai transitar pelos resultados" trimestrais.

"Temos perspectivas de melhora de margens daqui para frente. O custo do trigo está caindo no mercado e no nosso estoque e a história no óleo de palma é a mesma", acrescentou, citando que a questão das commodities é a principal variável para as margens neste momento.

h2 Receita recorde/h2

A receita líquida da M. Dias Branco cresceu 27,7% no quarto trimestre para 2,76 bilhões de reais e, no ano, atingiu o recorde de 10,13 bilhões de reais, montante quase 30% superior ao de 2021, principalmente por preços melhores e algum ganho de market share nos segmentos de biscoitos, massas e farinha de trigo.

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