Na Sicília castigada pela seca, "água é ouro"

Reuters

Publicado 29.02.2024 15:53

AGRIGENTO, Itália (Reuters) - Uma grave seca atinge a Sicília, na Itália, e diante da falta de chuvas no inverno, que deixou os reservatórios no limite, habitantes da ilha italiana se deparam com a necessidade de estocar água potável.

A ilha, que bateu recorde europeu de calor em 2021, com 48,8 graus Celsius, declarou estado de emergência. Dezenas de cidades racionam água para uso agrícola e residencial e disponibilizam suprimentos apenas a cada dois dias.

"Até mesmo fazer chá de ervas ou cozinhar macarrão torna-se uma tarefa cansativa", disse Maria Maneri, estudante e garçonete da cidade de Agrigento, no sul da Sicília, que frequentemente precisa carregar uma sacola pesada com garrafas cheias de água.

"A água em Agrigento é ouro", disse Antonio, morador que não quis dar seu sobrenome, acrescentando que ele enche regularmente tanques e garrafas na fonte mais próxima da cidade.

O mundo passa pelo fevereiro mais quente já documentado, após oito recordes consecutivos de temperaturas mensais, com efeitos devastadores sobre o acesso à água em todo o mundo.

A agricultura na Sicília, uma das regiões mais meridionais da Europa, foi citada como uma preocupação especial pelo serviço de monitoramento de safras da União Europeia, o Mars, que em dezembro alertou sobre as secas na região do Mediterrâneo.

A ilha italiana é produtora de frutas cítricas e azeitonas, além de trigo.

A escassez de água não é novidade para os sicilianos. Muitos deles têm cisternas nos telhados para coletar a água da chuva. Mas o sistema de armazenamento mostrou-se insuficiente diante dos longos períodos de seca dos últimos anos.

Alguns habitantes passaram a encher suas banheiras quando o abastecimento está disponível para ter água à mão para lavar roupas e cozinhar quando o abastecimento é interrompido, disse o proprietário de restaurante Federico Castronovo.

O sul da Itália, a Grécia, as ilhas do Mediterrâneo e o norte da África temem que o aumento das temperaturas na primavera agravem problemas para a agricultura, os ecossistemas e a disponibilidade de água potável.