Reuters
Publicado 28.03.2024 20:30
Por Dan Williams
JERUSALÉM (Reuters) - O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediu à Suprema Corte de Israel que estenda um prazo de 31 de março para o governo apresentar um novo plano de alistamento militar que lidará com uma raiva preponderante por isenções concedidas a judeus ultraortodoxos.
A controvérsia de décadas se tornou especialmente sensível no momento em que as Forças Armadas de Israel, compostas principalmente por recrutas adolescentes e civis mais velhos mobilizados para o serviço de reserva, travam uma guerra de quase seis meses em Gaza para tentar eliminar o movimento islâmico Hamas que governa o enclave palestino.
Embora a Suprema Corte não tenha respondido imediatamente ao pedido de Netanyahu, decidiu separadamente que subsídios estatais a homens ultraortodoxos com idade militar estudando em seminários, em vez de servirem no Exército, fossem suspensos a partir de segunda-feira.
Os dois partidos ultraortodoxos da coalizão religiosa-nacionalista de Netanyahu, o Judaísmo Unido da Torá e o Shas, denunciaram a decisão como uma marca de “Caim”. Eles prometeram lutar pelo que consideram ser o “direito” de seus integrantes de permanecerem nos seminários -- mas não chegaram a ameaçar abandonar o governo.
Aumentando a pressão, a procuradora-geral de Netanyahu, Gali Baharav-Miara, escreveu em um despacho ao tribunal que não via bases legais para adiar o recrutamento dos ultraortodoxos.
A Suprema Corte decidiu a favor dos autores de um recurso de apelação que argumentaram que a dispensa era discriminatória. O Parlamento não conseguiu formular um novo acordo e uma suspensão emitida pelo governo ao alistamento obrigatório dos ultraortodoxos expira na segunda-feira.
Entre os defensores da isenção estão o ministro da Defesa de Netanyahu e outros membros do ministério que estão gerenciando a guerra. Eles preveem meses de mais combates que tensionarão o alistamento e alimentarão demandas do público por alistamentos mais igualitários.
Uma autoridade sênior de Israel estimou que 5% da população está participando do conflito em Gaza, que se espalhou ao Líbano e à Síria e atraiu mísseis de outros grupos alinhados ao Irã, de lugares tão distantes quanto Iêmen e Iraque.
Mas o Judaísmo Unido da Torá e o Shas, nos quais o líder conservador há muito tempo procura apoio, querem manter as dispensas para preservar o estilo de vida religioso ultraortodoxo.
Em uma carta à Suprema Corte publicada pelo seu gabinete, Netanyahu disse que havia “feito progressos importantes na questão”, mas pediu uma extensão de 30 dias “para elaborar acordos”.
A guerra em Gaza dominou a atenção do governo e está em um ponto decisivo neste momento, disse.
Os ultraortodoxos representam 13% da população de 10 milhões de pessoas de Israel e devem chegar a 19% até 2035, devido às altas taxas de natalidade. Economistas argumentam que a dispensa do alistamento mantém algumas pessoas desnecessariamente em seminários e fora da força de trabalho, gerando um ônus crescente de bem-estar social para os contribuintes da classe média.
Os 21% da minoria árabe de Israel também são majoritariamente isentos do alistamento, sob o qual homens e mulheres geralmente são convocados aos 18 anos. Os homens servem três anos. As mulheres, dois.
Escrito por: Reuters
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