Prédios são incendiados e bandos armados atuam em Lagos apesar de apelo de presidente

Reuters

Publicado 23.10.2020 11:25

Por Angela Ukomadu

LAGOS (Reuters) - Bandos armados com facas e porretes bloquearam vias principais de Lagos nesta sexta-feira, com muitos furiosos com o discurso do presidente da Nigéria no qual ele apelou por calma, mas não condenou o assassinato de manifestantes que pediam o fim da brutalidade policial.

Os tumultos representam os piores episódios de violência nas ruas desde que a Nigéria voltou ao comando civil em 1999 e a mais grave crise política enfrentada pelo presidente Muhamadu Buhari, um ex-líder militar que chegou ao poder em 2015.

Uma rodovia que leva para o aeroporto internacional foi obstruída por barricadas montadas por grupos de homens jovens que reivindicaram dinheiro de motoristas. Ônibus cujos motoristas se recusaram a pagar foram destruídos, de acordo com uma testemunha da Reuters.

No leste de Lagos, homens armados perseguiram policiais e várias delegacias foram completamente queimadas. Postos de combustíveis foram fechados e caixas eletrônicos não funcionavam em partes do país.

A violência na cidade, centro comercial da Nigéria de 20 milhões de habitantes, escalou desde a noite de terça-feira, quando um toque de recolher foi anunciado.

A Anistia Internacional disse que soldados e policiais mataram pelo menos 12 manifestantes em Lekki e Alausa, dois distritos de Lagos, na terça-feira. Na quinta, Anistia, Human Rights Watch e 40 outros grupos pediram "uma investigação ampla e imediata" sobre o incidente.