Primeiros políticos pedem saída de Putin após reveses na Ucrânia

Por Geoffrey Smith

Investing.com – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sofreu uma rara e direta contestação da sua autoridade na segunda-feira, após uma embaraçosa derrota das forças armadas do país na Ucrânia durante o fim de semana.

Dezoito vereadores das cidades de Moscou, São Petersburgo e Kolpino assinaram uma declaração pública pedindo a remoção de Putin do cargo, além de citar os danos que suas políticas estão causando. Embora os parlamentares não sejam conhecidos do público nacional ou internacional, sua ação é uma demonstração cabal de discordância interna, o que indica que há oposição no país, mesmo após anos de efetivo silenciamento conduzido pelo governo cada vez mais autocrático de Putin.

“Nós, vereadores da Rússia, acreditamos que as ações do presidente Vladimir Putin são prejudiciais para o futuro do país e seus cidadãos”, diz o comunicado público. “Exigimos a renúncia de Vladimir Putin do posto de presidente da Federação Russa!”.

O comunicado foi publicado por Ksenia Thorstrom, um vereador do distrito de Semenovsky, em São Petersburgo, cidade natal de Putin, onde se encontra sua base original de poder.

Putin construiu sua autoridade na Rússia diante da percepção de que havia restaurado o poderio militar do país e melhorado o padrão de vida dos russos. No entanto, os salários reais estão caindo desde a sua primeira invasão na Ucrânia em 2014. Isso o está forçando a confiar cada vez mais em projeções exitosas de força para compensar qualquer insatisfação no país com o sufocamento da liberdade política. Críticos do clima predominante de corrupção no sistema público, como Alexei Navalny, vêm sendo alvo de detenção, devido a uma suposta motivação política.

Os vereadores não publicaram uma agenda própria, a não ser a saída de Putin, em uma aparente tentativa de evitar infringir a lei de “desacato” ao governo ou às forças armadas. De acordo com a Constituição da Rússia, se Putin deixar o cargo por qualquer razão, suas atribuições seriam assumidas pelo primeiro-ministro Mikhail Mishustin, até que houvessem novas eleições presidenciais.

Não havia uma volatilidade evidente nos mercados russos na segunda-feira, apesar da escala da derrota sofrida no fim de semana. O rublo operava estável, um pouco acima de 60 por dólar, patamar onde é negociado há alguns meses, enquanto o índice MOEX Russia registrava alta de 1,1%.

Além disso, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que a campanha “continuará até que os objetivos originalmente estabelecidos sejam alcançados”.

Os objetivos originais da Rússia, ao invadir a Ucrânia em fevereiro, eram derrubar o governo do presidente Volodymyr Zelenskyy e fazer o que chamou de “desnazificação” do país. Depois de fracassar em suas primeiras tentativas de tomar a capital Kyiv, mudou o foco da operação para “liberar” partes das regiões de Donetsk e Luhansk, agora ocupadas por seus designados. Então, o ministro de relações exteriores, Sergei Lavrov, e o ministro da defesa, Sergei Shoigu, articularam outros objetivos, como a ampliação do controle russo sobre toda a região sul da Ucrânia.

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