Processos apontam poucas evidências de ligação de antifas com pessoas acusadas de violência nos EUA

Reuters

Publicado 10.06.2020 10:55

Por Sarah N. Lynch e Mark Hosenball e Mica Rosenberg e Brad Heath

WASHINGTON/NOVA YORK (Reuters) - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos reagiu rapidamente e apresentou acusações federais contra 53 indivíduos acusados de violência durante protestos que ocorreram em todo o país pedindo o fim da brutalidade policial.

O secretário de Justiça, William Barr, prometeu reprimir membros do movimento antifascista, conhecido como antifa, e outros "extremistas" que culpou por ajudarem a atiçar a violência.

Mas um exame feito pela Reuters em registros de tribunais federais relacionados às acusações, postagens de alguns suspeitos em redes sociais e entrevistas com advogados de defesa e procuradores revelou atos de violência em sua maior parte desorganizados de pessoas que têm poucas conexões óbvias com grupos antifa ou outros de esquerda.

A Reuters só analisou casos federais, tanto por causa das alegações do Departamento de Justiça sobre o envolvimento de grupos antifa e semelhantes quanto porque acusações federais costumam implicar em penalidades mais severas. Em alguns dos documentos de acusação vistos pela Reuters, nem sequer existem alegações de atos de violência.

O Departamento de Justiça não quis comentar as descobertas da Reuters e se referiu a uma entrevista que Barr concedeu à rede Fox News na segunda-feira. Ele disse que, embora seu departamento esteja realizando algumas investigações sobre o antifa, ainda está na "fase inicial de identificar pessoas".

Saques e episódios de violência ocorreram em algumas das centenas de manifestações essencialmente pacíficas da semana passada, desencadeadas pela morte de George Floyd, um afro-norte-americano, no dia 25 de maio depois que um policial branco da cidade de Mineápolis o sufocou ajoelhando-se sobre seu pescoço durante quase nove minutos.

O policial, Derek Chauvin, foi acusado de homicídio doloso, e outros três agentes de cumplicidade.

Embora Barr e o presidente Donald Trump tenham denunciado diversas vezes o antifa, um movimento de antiautoritários de esquerda, como os principais instigadores dos tumultos, o termo não aparece em nenhum dos documentos federais de acusação analisados pela Reuters. É possível que mais indícios apareçam à medida que os casos progridem.