Trump anuncia tarifa adicional de 5% sobre produtos chineses em nova escalada de guerra comercial

Reuters

Publicado 23.08.2019 20:25

Trump anuncia tarifa adicional de 5% sobre produtos chineses em nova escalada de guerra comercial

Por David Lawder e Se Young Lee

WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou nesta sexta-feira uma nova rodada de tarifas contra produtos da China ao estipular um imposto adicional de 5% sobre cerca de 550 bilhões de dólares em produtos chineses, ampliando a escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

A ação de Trump, anunciada no Twitter, ocorreu horas depois de a China divulgar tarifas retaliatórias sobre 75 bilhões de dólares em mercadorias dos EUA, levando o presidente norte-americano no início do dia a exigir que empresas americanas retirassem suas operações da China.

A intensificação da disputa sino-americana alimentou temores de que a economia global entrará em recessão, o que fez as bolsas es dos EUA entrarem em queda livre. O índice Nasdaq Composto caiu 3%, enquanto o S&P 500 cedeu 2,6%.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA também caíram, com investidores buscaram ativos tido como refúgio. O petróleo, pela primeira vez alvo das tarifas chinesas, teve forte queda.

A resposta de Trump à China foi dada após o fechamento dos mercados, o que pode causar mais danos na próxima semana.

"Infelizmente, os governos anteriores permitiram que a China ultrapasse os limites de um comércio justo e equilibrado, o que tem se tornado um grande fardo ao contribuinte norte-americano", disse Trump. "Não posso mais permitir que isso aconteça!"

Trump disse que os Estados Unidos elevarão as tarifas sobre 250 bilhões de dólares em importações chinesas para 30%, ante os atuais 25%, a partir de 1º de outubro.

Ao mesmo tempo, Trump anunciou aumento para 15% (ante 10%) nas alíquotas de tarifas planejadas sobre 300 bilhões de dólares em outras mercadorias chinesas. Os EUA começarão a impor essas tarifas a partir de 1º de setembro, mas as tarifas sobre cerca de metade desses produtos foram adiadas para 15 de dezembro.

O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) confirmou as datas, mas disse que fará consulta pública antes de impor a tarifa de 30% em 1º de outubro.

Trump tem acusado a China de práticas comerciais desleais e pressionado por um acordo que reequilibre o relacionamento em favor de empresas e trabalhadores dos EUA.

"Não precisamos da China e, francamente, ficaríamos muito melhor sem eles. As vastas quantias de dinheiro produzidas e roubadas pela China dos EUA, ano após ano, durante décadas, vão e devem PARAR", escreveu Trump.

"Nossas grandes empresas norte-americanas estão ordenadas a começar imediatamente a procurar uma opção para a China, incluindo trazê-las para casa e fabricar seus produtos nos EUA."

O presidente também ordenou que empresas como FedEx (NYSE:FDX), Amazon.com (NASDAQ:AMZN), UPS e o Serviço Postal dos EUA recusem todas as entregas do medicamento fentanil aos EUA.

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Grupos empresariais norte-americanos reagiram com irritação à mais recente escalada tarifária de Trump.

"É impossível que as empresas planejem o futuro nesse tipo de ambiente. A abordagem do governo claramente não está funcionando e a resposta não é mais impostos sobre as empresas e os consumidores norte-americanos. Onde isso termina?" disse David French, vice-presidente da Federação Nacional de Varejo.

A Câmara de Comércio dos EUA rejeitou as investidas de Trump, pedindo "um envolvimento contínuo e construtivo".

"O tempo é essencial. Não queremos ver uma deterioração adicional das relações EUA-China", disse Myron Brilliant, vice-presidente e chefe de assuntos internacionais da entidade.

O Ministério do Comércio da China disse que em 1º de setembro e 15 de dezembro vai impor tarifas adicionais de 5% ou 10% sobre um total de 5.078 produtos originários dos EUA, incluindo produtos agrícolas como soja, carne bovina e suína, além de pequenas aeronaves.