Trump causa indignação por dizer que judeus que votam nos democratas odeiam sua religião e Israel

Reuters

Publicado 19.03.2024 21:28

Por Susan Heavey

WASHINGTON (Reuters) - O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, causou indignação na Casa Branca, nos democratas e em líderes de grupos judaicos por dizer que os judeus norte-americanos que votam nos democratas odeiam sua religião e Israel.

"Qualquer judeu que vote nos democratas odeia sua religião, odeia tudo sobre Israel e deveria ter vergonha de si mesmo", disse Trump, que espera derrotar o presidente norte-americano, Joe Biden, um democrata, na eleição de 5 de novembro nos EUA.

"O Partido Democrata odeia Israel", disse ele em entrevista a seu ex-conselheiro Sebastian Gorka, publicada em seu site na segunda-feira.

Grupos como a Liga Antidifamação e o Comitê Judaico Americano condenaram os comentários de Trump por vincular a religião à forma como as pessoas poderiam votar.

Solicitada a comentar sobre as falas de Trump, a Casa Branca disse em um comunicado nesta terça-feira: "Não há justificativa para a disseminação de estereótipos falsos e tóxicos que ameaçam os concidadãos", disse o porta-voz da Casa Branca Andrew Bates, em um comunicado.

Depois que os comentários de Trump foram publicados, o líder da maioria no Senado dos EUA, o democrata Chuck Schumer, escreveu na plataforma de mídia social X na segunda-feira: "Trump está fazendo declarações altamente partidárias e odiosas. Estou trabalhando de forma bipartidária para garantir que a relação EUA-Israel se mantenha por gerações, impulsionada pela paz no Oriente Médio".

Na quinta-feira passada, Schumer, a mais alta autoridade eleita judia dos EUA e um apoiador de longa data de Israel, criticou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, como um obstáculo à paz, cinco meses depois de uma guerra em Gaza que começou com ataques a Israel por militantes do Hamas em 7 de outubro.

Biden disse que muitos norte-americanos compartilhavam as preocupações de Schumer. Netanyahu chamou o discurso de Schumer de inapropriado.

O porta-voz do Comitê Nacional Democrata, Alex Floyd, disse em um comunicado na segunda-feira: "Os judeus americanos merecem mais do que os ataques ofensivos e terríveis que Trump continua a lançar contra a comunidade judaica".

A campanha de Trump defendeu seus comentários.

"O Partido Democrata se transformou em uma cabala totalmente anti-Israel, antissemita e pró-terrorista", disse a porta-voz da campanha de Trump, Karoline Leavitt, em um comunicado.

Nesta terça-feira, a Coalizão Judaica Republicana defendeu os comentários de Trump, que foram republicados no X.

O porta-voz da coalizão, Sam Markstein, disse que não sabia o que Trump queria dizer com seu comentário de que os judeus norte-americanos que votam nos democratas odeiam sua religião, mas que as posições dos democratas eram problemáticas.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Quando presidente, Trump foi alvo de críticas em 2017 por estabelecer uma equivalência entre os nacionalistas brancos que gritavam "os judeus não nos substituirão" e os manifestantes contra o racismo que entraram em confronto em Charlottesville, Virgínia. Trump disse que havia "pessoas boas em ambos os lados".

Trump também tomou medidas sem precedentes de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, transferindo a embaixada dos EUA de Tel Aviv para lá e reconhecendo a soberania israelense sobre as Colinas de Golã capturadas da Síria em uma guerra de 1967.

Desde que Trump deixou o cargo, os críticos citaram sua reunião de 2022 com o supremacista branco Nick Fuentes em seu clube na Flórida, que Trump disse ter acontecido inadvertidamente. Biden também criticou Trump por ecoar os nazistas ao usar a palavra "verme" para descrever inimigos políticos.