Trump queria colocar 10 mil soldados em Washington

Reuters

Publicado 07.06.2020 13:25

Atualizado 07.06.2020 13:55

Por Phil Stewart

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou aos seus conselheiros em certo momento da semana passada que queria colocar 10 mil soldados na região da capital Washington para interromper a agitação civil motivada pelo assassinato de um negro por um policial branco em Minneapolis no final de maio.

Segundo uma um oficial sênior dos EUA, a exigência de Trump ocorreu durante discussões acaloradas no Salão Oval, na segunda-feira, e mostra o quão perto o presidente norte-americano esteve de cumprir ameaça de deslocar soldados para a capital do país, apesar da oposição da liderança do Pentágono.

Na reunião, o secretário de Defesa, Mark Esper, o presidente do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, e o procurador-geral, William Barr, foram contra o deslocamento, disse o oficial, que pediu para não ser identificado. A reunião foi “tensa”, acrescentou o oficial.

A Casa Branca não respondeu imediatamente ao pedido por um comentário.

Desde então, Trump pareceu satisfeito com o deslocamento da Guarda Nacional, a opção recomendada pelo Pentágono e uma maneira mais tradicional de lidar com crises domésticas. Os líderes do Pentágono ligaram para governadores pedindo que tropas da Guarda Nacional fossem enviadas a Washington. Mais forças policiais federais também foram mobilizados.

Mas também parece ter sido chave para Trump a medida de Esper de posicionar - mas não deslocar - soldados da ativa da 82ª divisão aérea e de outras unidades da área de Washington, caso elas fossem necessárias. Essas tropas, desde então, já partiram.

“Ter soldados ativos disponíveis, mas não na cidade, foi o bastante para o presidente no momento”, disse o oficial.

A tentativa de Trump de militarizar a resposta dos EUA aos protestos motivou uma rara condenação de ex-oficiais militares dos EUA, incluindo o primeiro secretário da Defesa de Trump, Jim Mattis, e aposentado general quatro estrelas que normalmente fica longe da política.