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Cisne Negro no Céu de Santos

Publicado 22.10.2013, 13:51
MAR
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A Archer Consulting abre o comentário desta semana se solidarizando com a Copersucar. A notícia do incêndio nos seus armazéns em Santos, no início da manhã da última sexta-feira, 18 de outubro, deixou profundamente abatidos todos nós do setor.

Temos absoluta certeza que a Copersucar, que sempre conduziu seus negócios com postura séria, transparente e determinada conseguirá forças para superar esse lamentável episódio, página triste de sua extensa história de sucessos. Nossos votos que tudo termine bem.
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O incêndio no terminal da Copersucar no porto de Santos no início da sexta-feira virou o mercado de açúcar de cabeça para baixo. Ocorreu aquilo que o professor, ensaísta e trader Nassim Taleb chama de Cisne Negro no seu livro homônimo – um evento imprevisível que causa um enorme impacto.

Leva esse nome porque até o início do século XVIII acreditava-se que existiam apenas cisnes brancos até que descobriram um cisne negro na Tasmânia. A ave virou sinônimo de acontecimentos improváveis.

O incêndio provocou a recompra de boa parte dos hedges de venda contra o vencimento março/2014 da bolsa de açúcar de NY e fez o mercado explodir atingindo 20,16 centavos de dólar por libra-peso, no maior preço negociado no primeiro mês de vencimento desde 22 de dezembro do ano passado.

O volume total negociado no pregão dessa sexta-feira chegou próximo aos 400.000 lotes o segundo maior da história, só perdendo do volume de 18 de janeiro de 2008 com 410.033 lotes. Se bem que naquele dia a posição em aberto era de 1.113.000 contratos.

O mercado de açúcar em NY acabou fechando a semana com o vencimento março/2014 negociado a 19,50 centavos de dólar por libra-peso, uma alta substancial de 57 pontos ou 12,50 dólares por tonelada.

Os demais meses que estendem ao longo da curva de preços até outubro de 2016 fecharam com altas entre 22 e 42 pontos (aproximadamente 5 a 10 dólares por tonelada) Momentos de pânico, falta de informações sobre a extensão do prejuízo e boatos somados, culminaram no pior estilo “me tira já dessa posição” e distorcem as cotações na bolsa até que a poeira se assente e as pessoas comecem a fazer as contas e conjecturar sobre como o mercado físico de açúcar destinado à exportação vai lidar com o fato de ficar sem um terminal, que chega a movimentar 530 mil toneladas de açúcar por mês, no mais importante porto de açúcar do país. Imagine o efeito disso em futuras entregas.

Embora comenta-se que 300.000 toneladas tenham sido atingidas (não há confirmação desse volume até o momento que esse comentário foi para o sistema às 02 da manhã deste sábado), o que deve afetar o mercado é o prêmio. Até a semana passada os importadores torciam o nariz antes de colocar alguma oferta de compra de açúcar do Centro-Sul.

As ideias de compra apontavam de 70 a 90 pontos de desconto, típicas de quem não quer e não precisa de açúcar mas se for uma galinha morta, por que não? Agora, a coisa mudou. Quem estava no conforto do ar condicionado, seguro que haveria açúcar em volume e fluxo sem interrupção, vai ter que se coçar.

Os manuais de trading recomendam que em situações como essa, compre-se o spread para antecipar embarques, adiantem-se compras para evitar congestionamentos nos portos, rolem-se os hedges de venda dos meses com vencimento mais curto para os meses com vencimento mais longo, e o bolo que sai desse forno é um mercado mais firme mas uma apreciação muito maior do prêmio no mercado físico. Quem precisa vai pagar.

Vamos assistir a uma enorme atividade nos spreads e dependendo do comportamento dos prêmios de açúcar no mercado físico, a migração de açúcares que iriam para o mercado interno carimbarem seus passaportes para a exportação. Ou seja, vamos viver um novo mercado. Se a trading recebedora da imensa entrega de outubro (da qual a Copersucar é a entregadora) antecipar a nomeação dos navios é claro que haverá uma apreciação nos prêmios negociados no físico.

Segundo especialistas, um terminal como esse não se reconstrói com menos de 8-12 meses. Não dá para opinar sobre isso e essas afirmações podem se encaixar na paúra coletiva que se instalou no pós-evento. No entanto, vai haver uma mudança significativa na formação de preços dos prêmios de exportação. Isso vai mesmo.

Quando estava em seu caminho de queda livre no ano passado, negociando nos 20 centavos de dólar por libra-peso, o contrato futuro de açúcar em NY levou 18 dias para quebrar os 19 centavos. Depois, levou apenas 7 dias para atingir 18 centavos de dólar por libra-peso. Foram longos 179 dias até que atingisse 17 centavos. Em seguida, ainda em queda livre, levou mais 63 dias para negociar a 16 e, finalmente 43 dias para bater os 15 centavos de dólar por libra-peso (na verdade 15,93).

Ou seja, em sua jornada para o reino de Hades, o mercado levou 310 pregões, mais de um ano e dois meses para despencar de 20 para 15 centavos de dólar por libra-peso. Agora, levou apenas 68 pregões para se movimentar de 15,93 centavos de dólar por libra-peso atingidos em 16 de julho para 20,16 atingidos em 18 de outubro. Os baixistas que se cuidem.

Arnaldo Luiz Corrêa

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