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Ouro Trava Queda de Braços contra Dólar e Treasuries como Ativo de Proteção

Publicado 21.01.2021, 15:52
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A pressão de venda no ouro acabou?

Estou inclinado a dizer que sua opinião é tão boa quanto a minha, embora as evidências indiquem que esse não deveria ser um problema, principalmente agora diante da expectativa de mais gastos fiscais sob o governo Biden, que tomou posse ontem.

Para os adeptos da arte de se proteger contra a inflação, os eventos das últimas duas semanas teriam sido estarrecedores, para dizer o mínimo. O ouro, um dos ativos mais seguros para se proteger da maioria das crises, sejam elas econômicas ou políticas, desvalorizou-se 3,5% em suas duas piores semanas desde meados de novembro.

Se bem que a trajetória dos últimos dois meses tenha sido uma reação instável ao apetite para o risco nos mercados após os avanços nas vacinas, o último sell-off parecia ser suspeito desde o início, bem como sua longevidade.

Ouro Diário

A culpa pela fraqueza no ouro na última quinzena se deve principalmente aos rendimentos dos títulos americanos, nomeadamente a nota de 10 anos do tesouro. Agora que a última casa do xadrez legislativo – o Senado – finalmente ficou sob controle dos democratas, a agenda do presidente Joseph Biden enfrentará menos obstáculos pela frente, fazendo com que o ouro perca o brilho diante do rendimento daqueles papéis governamentais.

Nos mercados, cada ação, independente da sua estupidez, precisa ser explicada e justificada. Assim também aconteceu com a alta nos rendimentos dos títulos americanos.

Os investidores esperam ver maiores pressões para a elevação dos juros por causa do futuro estímulo econômico para reanimar a economia, o mercado de trabalho e a inflação salarial. De repente, os maiores beneficiários dos trilhões de dólares a serem gastos contra a pandemia sob Biden parecem ser os títulos do tesouro, o dólar e até mesmo o bitcoin, e não o ouro, proteção comprovada contra a inflação.

CHARGE: Mercados emergentes devem surfar na onda democrata de estímulos

Mesmo com os rendimentos praticamente dobrando durante a semana, as autoridades do Federal Reserve negaram veementemente a possibilidade de que a economia ou a inflação salarial mostrariam força suficiente no futuro próximo para reduzir o estímulo ou elevar os juros que estão perto de zero. Os investidores não se mostraram impressionados com a fala do Fed e corretoras de câmbio, ao se posicionar no dólar sobrevendido e conspirar sem cerimônia contra quem apostava no ouro.

Enquanto escrevo este artigo, o dólar perdia vigor, com o Índice Dólar derrapando pelo terceiro dia consecutivo até a mínima de uma semana de 90,31.

O contrato futuro do ouro na COMEX de Nova York, por sua vez, tocava a máxima de uma semana, rompendo US$ 1.850 por onça. O ouro futuro afundou até a mínima de US$ 1.804 de novembro na segunda-feira, mesmo com o volume limitado do feriado de Martin Luther King. Antes da carnificina da última quinzena, os futuros do ouro eram negociados a cerca de US$ 1.963 ao final da primeira semana de janeiro e a apenas US$ 130 de romper a máxima histórica de quase US$ 2.090 em agosto.

Sunil Kumar Dixit, analista técnico do ouro na SK Dixit Charting em Kolkata, Índia, afirma que, no curto prazo, o ouro futuro pode testar o nível crítico de US$ 1.890.

“Desde que os preços se sustentem acima de US$ 1828-1838, os investidores devem seguir a média móvel simples de 200 dias no gráfico de 4 horas, que está a US$ 1.870, bem como a média móvel exponencial de 50 dias no gráfico diário. Se esse nível encontrar compradores em volume suficiente, o alvo será 1890, que pode ser um ponto de virada no curto prazo. O indicador estocástico de força relativa está positivo no gráfico diário e de 4 horas”.

Mas o que mudou de repente no dólar/ouro nas últimas duas semanas? Basicamente nada. A única mensagem de grande estímulo econômico desta vez veio da secretária de tesouro de Biden, Janet Yellen. Voltaremos mais à frente à ex-presidente do Federal Reserve e à convicção que ela parece transmitir aos investidores que querem se posicionar no mercado de títulos à esperada da recuperação econômica.

No momento, os seguintes fatores determinarão se o ouro ganhará força para voltar ao patamar de US$ 1.900 no médio e longo prazo ou se ficará esquecido como alternativa para contornar a inflação:

1. Dívida e déficit fiscal dos EUA

Victor Dergunov, do Albright Investment Group, defende um ponto interessante: com o rendimento atual de 1,1% na nota de 10 anos, o pagamento do serviço anual da dívida para os EUA corresponderia a US$ 370 bilhões.

Neste momento, a dívida nacional se aproxima de US$ 28 trilhões, e a relação total dívida/PIB nos Estados Unidos atingiu o nível estarrecedor de 146%.

O déficit orçamentário federal nos EUA já está em US$ 4,5 trilhões, depois que o governo Trump adicionou mais US$ 3 trilhões ao pacote de estímulo contra a Covid no ano passado.

Se o rendimento da nota de 10 anos ficar a 2%, aliado a uma dívida nacional de US$ 30 trilhões, o serviço anual da dívida somaria cerca de US$ 660 bilhões.

Como observa Dergunov, os déficits anuais continuarão fazendo com que a dívida nacional fique ainda maior, e as taxas mais elevadas dos treasuries farão com que o serviço da dívida suba:

“Não acredito que as taxas subirão muito ou ficarão elevadas por um período prolongado. Isso é pouco provável em razão da enorme carga de endividamento nacional e geral nos EUA. A economia não deve registrar o crescimento adequado a uma taxa mais elevada ou em um ambiente de taxa 'normalizada'.”

“Esses números são muito altos e temos que levar em consideração que essa gigantesca carga de endividamento precisa ser rolada perpetuamente”.

2. Oferta monetária (M2)

M2 é um cálculo de oferta monetária que inclui todos os elementos da M1 e do “dinheiro próximo” (títulos realizáveis a curto prazo). M1 inclui caixa e depósitos em conta corrente, enquanto o dinheiro próximo se refere a depósitos na poupança, títulos do mercado financeiro, fundos mútuos e outros depósitos a termo. Esses ativos são menos líquidos do que o M1 e não são ideais para como meios de troca, mas podem ser rapidamente convertidos em caixa ou depósitos em conta corrente.

Embora os Estados Unidos pareçam estar nos estágios relativamente iniciais de um ciclo de expansão monetária, a base M2 ainda pode aumentar substancialmente e fazer o país voltar aos dias da crise financeira de 2008/2009.

Com a diluição do sistema monetário fiduciário, a inflação mais alta com certeza está a caminho. Os preços do ouro têm forte correlação, no longo prazo, com a expansão da base monetária. Apesar da trajetória das últimas duas semanas e das oscilações de curto prazo, há fortes indícios de que o metal amarelo pode subir no futuro próximo.

3. Recuperação econômica, vírus e mercado de trabalho

O presidente do Fed, Jerome Powell, emitiu mensagens mistas na semana passada. Primeiro, ele rechaçou qualquer especulação de repique da pandemia. Mas também afirmou que “não faltam razões para ser otimista com a economia dos EUA" e que "voltaremos ao pico econômico anterior em breve".

Isso gera um problema para os mercados: descobrir a rapidez com que a economia pode se recuperar com a ajuda das vacinas contra a Covid-19.

Por falar em vacinação, isso se parece com uma história de duas cidades em certe medida: o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, diz que sua cidade ficará sem doses na próxima semana, enquanto Tallahassee da Flórida acelera a imunização com apoio do governador Ron de Santis. Enquanto isso, a nova variante britânica do vírus, chamada B.1.1.7., pode se tornar predominante até março, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Apesar da recuperação no terceiro trimestre, a economia americana continua em situação difícil, com as hospitalizações e mortes por Covid-19 atingindo novas máximas nas últimas semanas. Os Estados Unidos seguem sendo o país mais afetado pela pandemia, com 23 milhões de casos registrados desde janeiro de 2020 e mais de 400.000 mortes.

No mercado de trabalho, os Estados Unidos perderam mais de 21 milhões de empregos entre março e abril de 2020, no auge dos bloqueios forçados pelo coronavírus. Em maio, houve uma recuperação de 2,5 milhões de postos de trabalho e de 4,8 milhões no mês seguinte, antes de essa retomada começar a desacelerar. Tanto em setembro como outubro, menos de 700.000 empregos foram criados. Em novembro, houve apenas um incremento de 245.000 postos, enquanto dezembro registrou perda de 140.000 empregos, o primeiro declínio desde abril.

A tendência de baixa no mercado de trabalho continuou em 2021, com 965.000 americanos solicitando seguro-desemprego na semana encerrada em 9 de janeiro, uma alta de 23% em relação à semana anterior e o nível mais alto em cinco meses.

Powell admite “grande ociosidade” no mercado de tralho e que é pouco provável que apenas a inflação salarial atinja níveis capazes de elevar ou sustentar a inflação. Ele disse ainda:

“O outro fator a observar é a falta de demanda mundial. Em grande parte dos países ao redor do mundo, especialmente nas economias avançadas, as taxas de juros estão em território profundamente negativo, com pouco espaço para uma elevação. Isso continuará assim por algum tempo e, como sabem, a economia americana está fortemente integrada ao resto do mundo. Isso fará diferença”.

4. O fator Y-ellen

Como ressaltou Jeff Halley, diretor de pesquisa na OANDA, na quarta-feira, Wall Street voltou a comprar ações, vender dólares e impulsionar o ouro após ouvir de Janet Yellen que não havia problema com o endividamento maior, contanto que fosse para o bem maior de resgatar a economia da pior pandemia do século.

O Fato Yellen pode pressionar a agenda de Biden na questão dos gastos e da recuperação econômica nos próximos quatro anos. Aos 74 anos, a ex-presidente do Fed possui décadas de experiência em política monetária e é respeitada por ambos os lados do plenário do Congresso, além de ser uma autoridade internacional em finanças.

Biden também precisa de Yellen por outra razão: seus planos de estímulo podem encontrar resistência no Senado devido à maioria simples mantida pelo partido democrata.

As medidas de estímulo ainda fazem parte do orçamento dos EUA e, sem uma maioria qualificada de 67 dos 100 assentos no Senado, elas ficarão submetidas a um processo chamado “reconciliação”, que só pode ser superado com 60 votos (democratas e republicanos possuem 50 assentos cada no Senado, mas a vice-presidente Kamala Harris pode desempatar qualquer impasse).

Essa reconciliação tem gerado preocupações com os esforços mais amplos de estímulo, no sentido de que terão dificuldade para serem aprovados no Senado, principalmente por que Mitch McConnell voltará a ser líder da minoria na casa legislativa e promete tornar um inferno a vida dos democratas.

Mas o senador democrata Chuck Schumer pode conseguir aprovar pacotes médios por meio de acordos bipartidários e atingir as metas de Biden com a ajuda de Yellen.

Halley da OANDA observou como Yellen apresentou o estímulo de US$ 1,9 trilhão de Biden aos mercados na terça-feira:

“Eles queriam ouvir mais estímulos, e a sra. Yellen lhes deu 1,9 trilhões de razões para ficarem animados.

O que a ex-presidente do Fed disse na verdade foi:

“Neste momento, com os juros nas mínimas históricas, o mais sensato que podemos fazer é agir grande. No longo prazo, acredito que os benefícios superam em muito os custos, principalmente se a nossa intenção é ajudar as pessoas que já estão sofrendo por muito tempo”.

Aviso de isenção:Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

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