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O Bull Market Brasileiro Acabou. E Agora?

Publicado 01.04.2020, 01:31
Atualizado 09.07.2023, 07:32


Nos últimos 3 anos, o mercado financeiro brasileiro vinha exibindo uma boa tendência de melhora em basicamente todas as frentes: As cotações da grande maioria das ações subiram, os juros caíram, o risco-país caíram e a inflação se manteve comportada, apesar de o dólar insistir em se manter em patamares historicamente altos. Tudo isso motivado pela expectativa de reformas econômicas e de governos mais amigáveis às práticas pró-mercado, como foram Temer e Bolsonaro até aqui. Até meados de janeiro, não haviam muitos riscos significativos à continuidade dessa trajetória para o decorrer desse ano e talvez dos próximos. O rali visto durante dezembro e no início de janeiro foi um sintoma de que o otimismo estava bem alto, talvez até mais alto do que o “saudável”, e foi justamente esse otimismo que fez a velocidade do crash ser tão alta. Um fim brutal para o bull market brasileiro.

Quando os impactos do Coronavirus começaram a ser sentidos nos mercados ocidentais, inicialmente no final de janeiro mas principalmente a partir do dia 26 de fevereiro, os valuations das empresas estavam demasiadamente esticados, e isso não foi somente no Brasil, o rali das ações da Tesla (NASDAQ:TSLA) ilustram bem o que acontecia no mercado americano também. O fato é que a grande maioria dos agentes de mercado, incluindo este que vos escreve, subestimou a potência de transmissão do novo vírus e as medidas a serem tomadas para contê-lo. O exercício mais intuitivo a se fazer seria olhar os efeitos da pandemia de H1N1, ocorrida em 2009, para ter uma ideia do que aconteceria dessa vez, afinal, a história não se repete mas rima, não é? Sim, ela rima, mas não com o H1N1.

Quando a gripe suína assolou o mundo estávamos ainda saindo da Crise de 2008, que teve um impacto avassalador nos mercados mundiais e jogaram os valuations de muitas empresas para baixo. Naquela época, a mola já estava bem comprimida nos mercado internacionais. Além disso, o vírus H1N1 já era um velho conhecido do mundo, bastava algumas mudanças na produção da vacina contra gripe e já teríamos uma cura. Isso, aliado com o fato de muitas pessoas já possuírem sistemas imunológicos preparados para lutar com o vírus, amenizaram o ritmo de contágio e os impactos da doença. O novo coronavírus, por outro lado, pegou o mundo despreparado e a solução encontrada pelos governos foi a mesma adotada na Gripe Espanhola: o distanciamento social.

Os efeitos práticos do distanciamento social numa economia moderna são semelhantes ao que ocorreu em 1918: choques pelo lado da oferta e demanda. A oferta se torna limitada à medida que os trabalhadores ficam mais tempo isolados em casa e a demanda ocorre pela junção de medo da população, queda na movimentação urbana e consequente queda no consumo. Em um país como o Brasil, com recursos fiscais limitados e que tem um governo que resiste às propostas de aumento de gastos, os efeitos na economia poderão ser devastadores no curto prazo, com o aumento no desemprego e na incapacidade das empresas de arcarem com seus passivos, levando a eventuais falências. A crise gerada pelo Coronavirus não é nada semelhante a nada que ocorreu nos últimos 11 anos no mundo, é uma crise aos moldes das que Schumpeter aponta como causadoras do processo de destruição criativa.

O alívio para os investidores pessoas físicas da bolsa brasileira, é que o Ibovespa apresenta as maiores empresas do Brasil e que o risco de default nessas empresas é bem pequeno. A robustez do caixa dessas empresas deverá ser suficiente para que elas consigam passar por esse período de demanda reprimida de maneira relativamente tranquila, se considerarmos a solvência. Naturalmente, os resultados das empresas sofrerão quedas substanciais frente ao que o mercado esperava no início do ano e agora, mais do que nunca, é hora de ter mais cautela nas escolhas.

O ano de 2019 foi relativamente tranquilo em termos de volatilidade no mercado brasileiro e, aliado com as quedas na Selic, esse fato abriu a renda variável para muitos investidores novos entrando em renda variável. Pela característica bullish observada durante o ano passado, muitas empresas de qualidade não tão boa ou com estruturas financeiras debilitadas se tornaram muito populares entre os especuladores, e a tendência de alta dava margem para esses especuladores ainda embolsarem lucros nesses trades. Porém, à medida que a tendência vem virando na economia brasileira é natural que essas empresas comecem a mostrar dificuldades no futuro e dessa vez, em função de um maior prêmio de risco sendo exigido pelo mercado, não haverá misericórdia para muitas empresas com patrimônio líquido negativo e small caps.

O crash já passou, muitas pessoas perderam dinheiro e perderam pesado. Março exibiu uma queda de quase 30% no Ibovespa e aqueles que estavam comprados em bolsa sem hedge provavelmente tomara prejuízos significativos. Por mais que muitos gurus do mercado venham falando que agora é a hora de se comprar ações e que o futuro deverá trazer altas substanciais nas cotações – assim como eles falavam com a bolsa a 120 mil pontos, diga-se de passagem – eu vejo esse momento como um bom momento para diminuir riscos. A queda na bolsa serviu para mostrar que o mercado acionário não segue uma só direção e pode gerar perdas muito maiores do que 10-20%. Claro que agora considero um bom momento para comprar ações, mas não vejo um risco retorno muito bom para ações que não sejam blue chips. Não se sabe ao certo qual será a extensão dos impactos econômicos no decorrer do ano e nada garante que o Ibovespa já tenha feito o fundo do ano, por isso o ênfase em ações defensivas. O setor financeiro inteiro é um exemplo de investimentos que deverão sofrer um impacto pequeno dessa crise e que deverão se recuperar de maneira razoavelmente rápida, comparado com outros setores, como o de equipamentos industriais ou de turismo. Além disso, as empresas do setor têm payout muito interessante de dividendos, que deverá potencializar o dividend yield assim que a distribuição de proventos voltar aos níveis pré-crise. Como exemplo, se pegarmos o dividendo pago pela Itaúsa (SA:ITSA4) em 2019 e diminuirmos em 30% para refletir o impacto da crise, mantendo o payout constante, temos um dividend yield de 9,63%.* Taxas semelhantes podem ser vistas com Itaú (SA:ITUB4), Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Bradesco (SA:BBDC4) também. Essas empresas, além de pagarem bons dividendos, deverão gerar um bom upside no repique após a crise.

Além de ações defensivas, é sempre bom deixar parte do capital em títulos de renda fixa de maneira a diminuir a volatilidade de seu portfólio e dar fôlego para o caso de o mercado engatar mais uma onda de aversão ao risco, o que é perfeitamente plausível tendo em vista a ameaça de novas ondas de contágio do vírus, risco que não deve ser descartado enquanto não acharmos uma cura para o COVID-19. Enquanto o índice VIX se mantiver em patamares superiores a 40 pontos, o mercado continuará moendo investidores desavisados com a alta volatilidade.

Para os investidores que estavam com uma exposição muito grande em renda variável nos dias antes do crash, talvez não seja a hora de vender ações para ir para a renda fixa, afinal os juros sendo pagos atualmente são muito baixos. Porém, isso se aplica para os casos que têm empresas sólidas e que estejam em setores que não sofram grande disrupção nos próximos meses. Para os investimentos altamente especulativos, a realocação faz mais sentido diante de um cenário tão cheio de incertezas. Importante deixar claro que não estou aqui para falar pra vender na baixa e ir para a renda fixa, quero dizer que os últimos dias nos mostraram que é necessário ter cautela na formação de um portfólio, aproveite essa oportunidade para rebalancear sua carteira de acordo com seu perfil de risco.

Fundos de investimento mais tradicionais podem ser opções viáveis também, apesar de que alguns fundos em maior evidencia mostraram ter uma gestão de risco aquém do desejado durante essa crise. O importante diante dessa nova realidade que é o bear market que nos inserimos é, mais do que nunca, se ater aos princípios básicos de finanças:

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  1. Investir em empresas sólidas
  2. Diversificação
  3. Cash is King!



* Considerando o preço de fechamento do pregão de 31 de março

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