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Onde Está Alocado Meu Caixa Hoje? Um Ativo que Tem Brilhado nos Últimos Tempos!

Publicado 12.05.2020, 12:35
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Não pretendo fazer nenhuma futurologia sobre o que vai acontecer, mas simplesmente passar aquilo que eu tenho visto e o que eu tenho levado para minha tese de alocação. Se vai acontecer ou não, ninguém sabe (até acontecer, rs).

Acho válido começar comentando a minha atual exposição a determinados ativos. Estou 60% comprado em bolsa ainda, em algumas empresas que consegui comprar a preços mais atraentes na última queda e algumas que ficaram na minha carteira e eu tenho intenção de continuar mesmo após a queda (algumas até já se recuperaram na minha carteira).

Já no restante da minha carteira (40%), está como “caixa”. Mas não deixei em crédito privado, não quero ter a infelicidade do que ocorreu antes e nem acho válido deixar na LFT. Na minha cabeça, eu poderia aplicar ele de maneira mais “inteligente” e foi então que eu comprei todo meu caixa em ouro.

E POR QUE OURO?

Fonte: Economatica e Bugg

Esse ativo já vinha performando bem ou quase em linha com o Ibovespa há 2 anos e, nesse ano, mostrou-se uma excelente aposta. Isso me deixou meio intrigado: por que um ativo em que as pessoas historicamente se expõem mais quando estão mais receosas, estaria sendo comprado cada vez mais nos últimos anos?

O ouro tem subido mesmo com a alta do S&P 500 nos últimos tempos, o que tem gerado uma grande desconexão entre os ativos. Olhando para os três índices de bolsa dos EUA e seus múltiplos, eles parecem indicar recessão curta e recuperação rápida de lucros (estamos vendo sair dados de desemprego e de piora de alguns indicadores econômicos mas a bolsa continua subindo, por que muitos agentes e analistas do mercado já tinham noção do estrago e acreditam nessa tese de recuperação mais rápida).

Porém, por outro lado, os ativos de “safety”, como ouro, indicam recessão na ponta longa. Essa desconexão entre presente e futuro recai sobre o que acontece/aconteceu historicamente em outras épocas.

POR QUE OURO (parte 2)?

Essa tese não é totalmente minha, mas eu compartilho de muitas das ideias que foram tiradas do ilustre Ray Dalio em um de seus artigos chamado “Money, Credit, Debt and Economic Activity”. Aqui eu vou tentar ser bem didático, mas, infelizmente, é um texto mais “lento”, porém necessário para entender parte do meu racional.

Primeiro, o dinheiro (cash) está passando por uma mudança e, em vez de analisarmos todo o ciclo aqui, vou tentar explicar por que o Ray acha que o dólar, o iene e o euro estão nos estágios finais como “moeda de reservas”.

Ele acredita que essas três moedas já estão atingindo o seu ápice no ciclo de dívida de longo prazo, quando as dívidas contidas nelas são muito altas, as compensações na taxa de juros pela manutenção desses ativos em dívida são baixos e grandes quantias de novas dívidas denominadas estão sendo criadas e renovadas – isso tudo converge para circunstâncias de maiores riscos. Além disso, segundo ele, o evento de desvalorização/perda do status de moeda de reserva seriam o evento econômico mais perturbador que poderíamos imaginar.

No mundo existem duas economias, a real e a financeira, que estão entrelaçadas, mas são diferentes. Cada uma tem uma dinâmica própria de oferta e demanda. Nosso foco vai ser na financeira para tentar entender o que determina o valor do dinheiro.

Imprimir e desvalorizar dinheiro é a maneira mais fácil de sair de uma crise de dívida.

Muitas pessoas pensam que dinheiro é um objeto “permanente” e que é um ativo seguro de se ter mantido, e isso não é verdade. No fim do dia, todas as moedas se desvalorizam com o tempo ou até mesmo deixam de existir. Isso ocorre porque imprimir moeda e desvalorizar a dívida é a maneira conveniente de reduzir ou eliminar os encargos da dívida (quando isso ocorre, os ciclos de expansão de crédito começam a ocorrer novamente).

Existem quatro alavancas que podem ser usadas para reduzir os níveis de dívida e serviço da dívida em relação aos níveis de renda e fluxo de caixa necessários para pagar as dívidas:

  • Austeridade (gastando menos)
  • Inadimplência e reestruturações
  • Taxando os mais ricos (aumento de impostos)
  • Imprimindo dinheiro e desvalorizando-o

Vamos ser sensatos… Austeridade é deflacionária e não dura muito, porque é muito dolorosa de se fazer por um longo período.

A Inadimplência e Reestruturações da dívida também são deflacionárias e dolorosas, porque dívidas são exterminadas ou reduzidas em valor e, como essas dívidas são ativos para alguém, seus ativos são retirados ou reduzidos, o que complica para o lado do credor, que tem que honrar também com suas obrigações.

Taxar os ricos… Pode até ser, mas é politicamente desafiador, é tolerável e geralmente faz parte da solução. Em comparação com todos os outros, imprimir dinheiro e desvalorizá-lo vai ser a melhor opção usada pelos Bancos Centrais. Uma vez que não parece ruim para ninguém, certo? Você está oferecendo mais dinheiro, ajuda a aliviar a dívidas de milhões e, na maioria dos casos, faz com que os ativos que as pessoas usam para “medir riqueza” subam em cima da moeda depreciada e crie essa mentalidade artificial de que estão ficando mais “ricas”.

E isso está acontecendo neste exato momento, no qual tivemos mais uma enxurrada de liquidez sendo colocada na economia. Observe que você não vê ninguém reclamando dessa criação de dinheiro e crédito e, na verdade, muitas pessoas acham até pouco o dinheiro criado.

Muitas pessoas não entendem que o governo somos nós coletivamente, e não uma entidade rica, e, no fim do dia, alguém tem que pagar por isso. Imagine como teria sido se os funcionários do governo cortassem suas despesas para equilibrar seus orçamentos e pedissem para pessoas gastarem menos e pouparem mais e, ao mesmo tempo, taxassem os mais ricos, oferecendo uma distribuição de riqueza na sociedade.

A maioria das pessoas não presta atenção ou sabe dos riscos cambiais. A maioria se preocupa se o ativo vai subir ou vai cair, se está aumentando de valor ou não… Você está mais preocupada com a performance das suas ações do que em relação a outras moedas? Ray Dalio diz que se você está preocupado mais com ações, você não sabe do seu risco cambial.

Vamos explorar um pouco disso. Das 750 moedas que existiram desde 1700, apenas 20% seguem existindo, mas foram desvalorizadas. Em 1850, as principais moedas não se pareciam com as de hoje. Enquanto dólar, a libra e o franco suíço já existiam na época, a maioria das outros era diferente e desde então foi morrendo. Em 1850, na atual Alemanha, você usaria o Gulden ou o Thaler. Não existiam Ienes, então, no Japão, você teria que usar o Koban ou o Ryo. Na Itália, você usaria umas cinco ou mais moedas… Até outro dia, no Brasil a gente teve oito moedas antes do real (tenha isso em mente, oito moedas).

Contra o que elas se desvalorizam?

Segundo Ray Dalio, a coisa mais importante para as moedas se desvalorizarem é a dívida. Isso ocorre porque imprimir dinheiro é reduzir os encargos da dívida. Você está dando dinheiro a quem precisava antes para honrar suas obrigações e agora está diminuindo o peso da dívida. Porém, o aumento na oferta de dinheiro e crédito diminui o valor do dinheiro e do crédito…

Existem casos em que o alívio de dívida facilita os fluxos desse dinheiro para empresas, a fim de aumentar produtividade e, consequentemente, seus lucros. Isso resultaria em um aumento real nos preços das ações. E existem casos em que isso prejudica suficientemente os retornos reais e prospectivos do “dinheiro” e dos ativos da dívida, de modo a impulsionar os fluxos desse dinheiro para ativos de hedge (proteção) contra inflação e moedas, e isso leva a um declínio quase que automático no valor do dinheiro.

Vejam bem, há momentos que o Banco Central se encontra com duas opções: a) permitir que as taxas de juros reais (taxa de juros menos inflação) subam em detrimento da nuances da economia ou b) impedir que as taxas de juros subam imprimindo dinheiro e comprando em dinheiro esses ativos e dívidas. Eles escolherão o segundo sem hesitar, o que reforça os maus retornos do “dinheiro”.

Sendo assim, fica claro que existem dois tipos desvalorizações, uma que é sistematicamente benéfica (embora seja dolorida para detentores de dívida e dinheiro) e as sistematicamente destrutivas, que irão danificar o sistema de alocação de crédito/capital, não trazendo uma nova ordem monetária.

Para finalizar, vou apresentar o valor de moedas em relação ao ouro e ao CPI (índice de preços ao consumidor). Porque o ouro tem sido a moeda alternativa atemporal e universal e porque o dinheiro é destinado a compra de bens e serviços, logo, é de suma importância para seu poder de compra.

Em relação ao ouro:

Moedas de reserva vs. ouro

O gráfico acima mostra os retornos em moeda (spot) das três principais (azul: dólar; preto: libra esterlina; laranja: euro) moedas de reserva em relação ao ouro desde 1600. Notem que o retorno em relação ao ouro já atingiu 0%.

Outro dado interessante é que as quedas geralmente são abruptas, em períodos de crise financeiras. Abaixo, o retorno contra uma cesta de moedas (notem as quedas bruscas nos períodos de 1920-1930, novamente na segunda guerra mundial e depois em 1970-1980 com a grande inflação e o fim do tratado do Bretton Woods).

Ouro spot vs. futuros

Olhem agora essa tabela, que mostra o retorno real do ouro vs. o CPI (Inflação do Consumidor) desde 1850.

Retornos de principais moedas de 1850 até hoje

Somente durante 1850-1912 você teria ganho do ouro. Mas a gente vive nesta época? Não… De 1912 até hoje, você teria conseguido um retorno real somente em alguns países, na média você seria duramente derrotado, e em alguns países você seria massacrado (como Alemanha, França e Itália).

Para finalizar, o próximo gráfico mostra o valor da moeda monetária e seus retornos frente a uma cesta de bens e serviços CPI, mostrando a mudança de poder de compra. Como vocês irão ver, houve muitos altos e baixos após as duas primeiras guerras mundiais.

Moeda monetária vs. CPI

Cerca de metade das moedas tiveram um retorno acima da inflação. A outra metade teve um retorno real bem ruim. Em outras palavras, a história mostrou que há riscos muito grandes em manter a moeda monetária como estoque de “riqueza” no longo prazo, especialmente no fim de ciclos de dívida.

Então o que você está sugerindo Breno? Para ficarmos atentos, apenas isso.

Em resumo: Como explicado anteriormente, quando os bancos centrais aumentam a oferta de moeda e crédito, isso reduz o valor da moeda e do crédito. Isso é ruim para os detentores de dinheiro e crédito, mas é um alívio para os encargos da dívida. Quando esse alívio da dívida permite que dinheiro e crédito fluam em produtividade e lucros para as empresas, os preços reais das ações aumentam. Mas também pode prejudicar os retornos reais e prospectivos de “dinheiro” e ativos de dívida o suficiente para expulsar as pessoas desses ativos e levá-los a ativos de hedge (proteção) de inflação e outras moedas. Isso deixa o banco central diante da opção de permitir que as taxas de juros reais subam em detrimento da economia ou impedir que as taxas subam imprimindo dinheiro e comprando esses ativos em dinheiro e dívida. Inevitavelmente, eles seguirão o segundo caminho, que reforça os maus retornos da posse de “dinheiro” e desses ativos de dívida.

Sendo assim, eu resolvi me expor ao ouro. Eu acredito que toda essa injeção de liquidez tenha uma consequência no médio prazo. No passado, os holandeses viram o colapso do florim de maneira massiva e rápida, ocorrendo em menos de uma década, com a circulação de florins caindo rapidamente no final da Quarta Guerra Anglo-Holandesa. Esse declínio ocorreu quando os holandeses perderam uma grande guerra para os britânicos e posteriormente sofreram muitas invasões dos franceses.

Já para os britânicos, os declínios foram mais graduais, foram necessárias duas valorizações antes de perder completamente o status de moeda de reserva. No caso dos EUA, houve duas grandes desvalorizações (1933 e 1971) e outras graduais contra o ouro desde 2000, mas ainda não custaram os EUA seu status de moeda reserva.

Para vocês dormirem pensativos: Normalmente, como um país perde sua posição de moeda reserva?

  1. Quando já existe uma perda estabelecida de primazia econômica e política de um rival em ascensão que cria uma vulnerabilidade (por exemplo, holandeses ficando atrás do Reino Unido, Reino Unido ficando atrás dos EUA, EUA ficando atrás da... rs).
  2. Quando existem dívidas grandes e crescentes que são monetizadas pelo Banco Central imprimindo dinheiro e comprando dívida do governo e outros títulos.
  3. O que leva a um enfraquecimento da moeda, em uma tentativa auto reforçada da moeda que não pode ser interrompida porque os impostos e os déficits da balança de pagamentos são grandes demais para fecharem.

Será que estamos vendo algo parecido? Pensem.

Era isso, valeu!

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