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Um Ano Depois, Ecos de Joesley e do Fim do Mundo

Publicado 18.05.2018, 12:20
Atualizado 14.05.2017, 07:45

Você está em seu leito de morte. Em volta da cama há fantasmas parados olhando para você, atônitos. Eles representam todos os seus talentos desperdiçados. São todas as suas ideias e seus talentos não realizados, aquilo que você poderia ter feito/sido e não fez/foi. Os fantasmas estão bravos e desapontados. Eles olham dentro de seus olhos e dizem em coro uníssono: “Nós viemos até aqui porque você poderia ter nos trazido à vida. Agora, nós viemos lhe buscar. Vamos juntos para o túmulo”.

A pergunta é: quando chegar a sua hora, quantos fantasmas estarão à sua volta? Eles precisam de nós, sabe? De que sejam preenchidas todas as nossas potencialidades. E só há um jeito de entregar ao mundo o que ele nos pede: tentando.

Peguei a metáfora de um discurso de Denzel Washington na Universidade da Pensilvânia em 2011, em que ele cita Les Brown para pregar o “fail forward”, algo como “acelere seus fracassos”. Não deixa de ecoar Nassim Taleb e seu “fail fast, fail small” – falhe rápido, falhe pequeno.

Quando algumas pessoas aqui me perguntam o que eu espero delas, normalmente respondo: “gostaria que você errasse mais.” Pode parecer contraintuitivo, mas se você não está errando, é simplesmente porque não está tentando o suficiente. E nunca descobriremos nossa total potencialidade se não estivermos tentando uma porção de coisas, numa frequência 24x7.

Eu sempre acho que nós podemos mais, entende? De que há algo melhor a se fazer a cada dia. De que existe um dinheiro para buscarmos no mercado indo além do confinamento em que a indústria financeira tradicional e a imprensa supostamente especializada querem manter o investidor pessoa física.

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Há exato um ano, lemos nos jornais que o mundo estava prestes a acabar. O fatídico áudio do Joesley colocava o presidente Temer flertando com a renúncia. Daí decorreram alguns dias que abalaram o mundo. O governo teria acabado, a reforma da Previdência estaria descartada e a única saída possível para o Brasil seria o aeroporto de Guarulhos. Só nos restava vender Bolsa e comprar dólares.

Vivemos um 18 de maio de 2017 de pânico. Encontramos na prática um “cisne negro”. No momento em que mais se acreditava no renascimento do Brasil, fomos acometidos por um evento raro, imprevisível e de alto impacto. Boom!

Às 7h da manhã daquele dia, eu estava diante da página em branco, tentando responder à dúvida geral dos leitores: o que faremos agora? E a opção escolhida foi por não fazer nada. Enquanto o pânico se espelhava pelas mesas de operação, decidimos apenas esperar e aguentar os solavancos. Felizmente, com muita ajuda da sorte – e eu confesso hoje uma dúvida interna atroz naquele momento sobre o que deveríamos fazer –, acabou dando certo. Rapidamente os mercados se recuperaram e pudemos apurar ganhos importantes da manutenção da aposta em Bolsa e em juros longos.

Aqui estamos nós de novo, no 18 de maio de 2018, após o pior dia para os mercados brasileiros desde o “Joesley Day”. De novo, somos acometidos pela tentação de entrar em pânico, de desfazer nossas posições de risco e correr para o aeroporto de Guarulhos.

E o que faremos quando todos os outros se desesperam? O mesmo procedimento anterior. Ampliaremos nossa capacidade de esperar. Sabemos que a Bolsa é um instrumento de transferir recursos dos impacientes para os pacientes. E também daqueles de mão fraca para os capazes de tolerar a volatilidade. Mesmo os maiores bull markets da história do mercado de capitais brasileiro enfrentaram grandes correções, e aqueles que abandonaram a travessia no momento da primeira tempestade abdicaram da terra prometida antes da hora.

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Ao menos que seja de meu conhecimento, em todas as situações anteriores em que projetaram o fim do mundo, o mundo rejeitou a projeção.

Querem nos dizer que o cenário eleitoral incerto começa a afetar os mercados brasileiros. Esquecem-se de que uma das maiores valorizações do ano se refere às ações da Petrobras (SA:PETR4), uma das maiores proxies para mensuração de risco eleitoral do país.

Querem nos dizer que os juros subindo lá fora é muito ruim para nós. Analisado isoladamente, é pura verdade. Mas se isso for acompanhado de atividade econômica forte e alta no preço das commodities, talvez não seja tão ruim a médio prazo para mercados emergentes. Com efeito, a correlação histórica entre yield dos Treasuries e bolsa brasileira é positiva. E aqui precisamos separar correlação de causalidade. O yield dos Treasuries subindo, em si, é ruim para Bolsa, mas a alta normalmente é acompanhada de economia bombando e commodities também.

Até mesmo o Copom quer nos dizer que vai cortar o juro para depois não cortar. Encontro motivos suficientes para interromper a queda da Selic no meio de uma pequena crise para mercados emergentes. Concordo com isso. Mas o Banco Central veio a público reiteradas vezes chamando a atenção para a atividade fraca e a inflação baixa, enquanto descartava o câmbio como variável de interesse. Sinalizou uma coisa e fez outra. Esteve alinhado ao discurso do “one tool, one target” (usamos uma única ferramenta, a Selic, para atingir um único alvo, o IPCA), para no final ceder ao câmbio. Não sou purista. Acho que o Banco Central pode, sim, surpreender o mercado. Mas duas ponderações: i) ele teve várias oportunidades de corrigir a comunicação; e ii) ele tem sistematicamente sido errático na comunicação, de maneira até constrangedora – em três situações no passado, indicou suspensão do ciclo de cortes na Selic, para voltar a cortá-la na sequência; agora, sinalizou nova redução do juro básico, para então interromper o ciclo. Como identificou precisamente Alan Binder, credibilidade importa para um banco central e a forma mais simples de obtê-la é fazer aquilo que você disse que faria.

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Eu tenho lhe dito que serei diligente em minhas indicações de investimento. E é por isso que hoje me vejo na obrigação de apontar algumas distorções no apreçamento dos ativos.

Resumidamente, temos visto comportamentos, em termos agregados, bastante diferentes entre renda fixa e câmbio de um lado, e Bolsa e fundos imobiliários de outro. Enquanto os primeiros sofreram muito, os últimos, a despeito da forte queda de ontem, ainda se comportam de forma bastante razoável.

Haveria aqui uma oportunidade de arbitragem? Ou há motivos para essa dicotomia?

Não há resposta pronta, mas tentando jogar uma pequena luz sobre a questão, esboço algumas considerações.

De fato, em termos de alocação macro, me parece que a renda fixa hoje é a classe de ativos com os prêmios mais óbvios, principalmente ali na parte intermediária da curva.

Isso quer dizer que devemos vender tudo de Bolsa? Ou, dito de outra forma, a Bolsa não deveria ter caído muito, dada a disparada dos juros de mercado? Precisamos qualificar um pouco melhor isso. Na real, temos vistos duas bolsas dentro da Bolsa. No campo positivo, as empresas de commodities mostram grande valorização; do outro lado, as companhias cíclicas domésticas ou bond proxies sofrem destacadamente. Como o peso das matérias-primas no índice é grande ainda, a forte queda de algumas ações fica mascarada pelo desempenho do Ibovespa em termos consolidados. Ou seja, muita coisa já caiu bem e há oportunidades interessantes de compra. Bancos, empresas de consumo e shoppings estão sofrendo uma pressão vendedora bastante razoável, com algumas coisas já num preço bem bacana.

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O pior quadro de curto prazo talvez seja dos fundos imobiliários. Aqui, sim, parece, de fato, haver um descolamento de preços frente ao comportamento recente das demais classes de ativos. Isso talvez ocorra pela baixa liquidez dos FIIs e pela ausência de investidores institucionais e arbitradores nesse segmento. O prêmio entre os fundos imobiliários e a NTN-B 2035 está hoje em sua mínima histórica. Ligamos o sinal de alerta para os FIIs no curto prazo (em vermelho, o Ifix; em branco, a B 35):

IFIX vs NTN-B 2035

Mercados abrem a sexta-feira estendendo o mau humor da véspera. Dólar volta a ganhar força lá fora e yields dos Treasuries não dão alívio, impactando de maneira negativa mercados emergentes. Petróleo também sobe.

Agenda do dia é razoavelmente fraca, contando apenas com inflação de 1,2 por cento medida pelo IGP-M. Lá fora, sai relatório Baker Hughes do setor petróleo.

Ibovespa Futuro cai 0,5 por cento, dólar e juros futuros sobem.

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