Uma das maiores discrepâncias da Bolsa em 2013

Após o descanso do feriado (na poltrona do carro), nada melhor do que começar outra semana curta com um pregão positivo, não?

Bom, não quero jogar água no seu chope, mas a alta dessa segunda-feira é ilusória.

Além do ajuste à sexta-feira dos mercados internacionais, temos as distorções do vencimento de opções sobre ações na BM&F Bovespa e até do grande evento do dia, o pacotão de reformas da China.

Mar batido

Para quem pedia por maior detalhamento, o Partido Comunista chinês soltou um documento com mais de 200 páginas sobre a reunião da semana passada.

Mais autonomia para os mercados na definição de câmbio e juros, mais participação privada nas empresas, um plano de urbanização...

Tanto o nível de detalhe quanto a abrangência das medidas surpreenderam positivamente. Agora, se chegará à economia real ou ficará no discurso, só o tempo pode dizer. E bota tempo nisso. Pareceu claro que nenhuma medida será implementada rapidamente.

Ainda bem. É preciso parar um cargueiro gigante em alta velocidade. Então que o façam sem movimentos bruscos.

Nossa jangada agradece.

Como se houvesse mérito

O pregão positivo para os mercados internacionais derruba o dólar. Do pico de R$ 2,34 na semana passada, a moeda opera a R$ 2,28 no momento.
Além do maior apetite por risco, os investidores esperam pela ata da última reunião do Federal Reserve, que sai na quarta-feira. Esperam com o viés vagaroso da Yellen no que diz respeito à retirada dos estímulos nos EUA, e também influenciados pelas declarações do Tombini.

O presidente do Banco Central garantiu que não falta moeda estrangeira no mercado de câmbio à vista brasileiro. Garantiu depois de injetar US$ 100 bilhões via venda de contratos de swap este ano.

É mais ou menos o que disse a Dilma. Falta de crescimento e piora das contas públicas à parte, agora podemos assegurar que a inflação vai se manter abaixo da meta de 6,5% pelo décimo ano seguido. Como se houvesse mérito nisso.

Uma das grandes discrepâncias de 2013

Da temporada de resultados que se foi, vimos aqui que uma das grandes decepções ficou com o setor imobiliário. Lançamentos parcos, muita queima de caixa, queda na velocidade de vendas...

Tenho recomendado exposição ao segmento de shoppings como forma de driblar um pouco essa dinâmica, capturando um negócio de renda imobiliária com proteção à inflação, via os contratos de aluguéis.

O resultado da JHSF (JHSF3) é um exemplo canônico desta disparidade. Muito forte na renda recorrente (shoppings), fraco na incorporação imobiliária no terceiro trimestre.

Mas em JHSF cabe uma ressalva: a fraqueza de incorporação esteve relacionada, no caso, a problemas em um projeto específico: o Bela Vista, em Salvador.

Penso que a queda de 40% acumulada por JHSF3 desde o início do ano é uma das grandes discrepâncias da Bolsa brasileira em 2013.

A vacância dos imóveis

O mercado de shoppings tem, além da sua relação com o mercado imobiliário, ligação direta com o momento das vendas no varejo. Isso ocorre porque a maioria das suas receitas é composta por um aluguel fixo somado a um variável das vendas de cada loja.

Por isso é legal observar tanto o preço dos aluguéis e o nível de vacância das lojas, bem como o andamento das vendas. Importante diferenciar que a vacância dos imóveis tem aumentado um pouco, enquanto a dos shoppings tem se mantido estável na média.

Você pode se expor a este nicho via Bolsa, mas, na média, isso vai lhe custar por volta de 20x lucros por uma ação do segmento.

Tirando BR Malls (BRML3), não pago isso (ou perto disso) por nenhuma outra do setor.

Raríssima opção

Você também pode buscar essa exposição no mercado de fundos imobiliários. Mas tenha cuidado. Uma das peculiaridades é que a maioria dos fundos imobiliários reflete o desempenho de um empreendimento específico, pois possui apenas um shopping no portfólio - portanto, é mais difícil você comprar “o segmento” via FIIs.

Das raríssimas opções de FIIs de shoppings com diversificação de empreendimentos, encontramos um que cai bastante no mês, negocia abaixo do valor patrimonial e que paga um yield para ninguém botar defeito. No Domus de hoje.

Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.