Por Barani Krishnan
Investing.com - OK, basta de OPEP, agora é hora de passar para a EIA e a contagem de refinarias.
Os preços do petróleo permaneceram em território majoritariamente positivo na segunda-feira (13), com os players considerando os esforços árduos dos produtores mundiais para concordar com cortes históricos.
Porém, o foco se voltou rapidamente para os dados semanais de estoques de petróleo dos EUA, que serão divulgados na quarta-feira pela Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) e para a pesquisa sobre plataformas de petróleo da empresa Baker Hughes', prevista para sexta-feira, em meio à ideia de que o corte de quase 10 milhões de barris por dia acordado no fim de semana pela OPEP e outros produtores é insuficiente para lidar com a queda da demanda estimada em 30 milhões de bpd de petróleo causada pelo Covid-19.
O West Texas Intermediate, índice de referência para o petróleo dos EUA negociado em Nova York, caía 24 centavos de dólar, ou 1,05%, para US$ 22,52 às 16h (horário de Brasília).
O Brent, índice de referência global para o petróleo negociado em Londres, subia 37 centavos de dólar, ou 1,2%, para US$ 31,85.
“Sim, a OPEP está dizendo que vai cortar quase 10 milhões de barris por dia, mas o mercado está dizendo 'não tão rápido!'” Gene McGillian, vice-presidente de pesquisa de mercado da Tradition Energy, disse ao Investing.com. "Esperamos que a EIA relate um crescimento de 10 milhões de barris de petróleo, 7,5 milhões de gasolina e 2,5 milhões de destilados para a semana passada."
"Em relação a plataformas, eu sei que evoluímos bastante nas últimas semanas, mas ainda estamos acima das mínimas de 2016."
O presidente Donald Trump, que iniciou o chamado acordo GLOPEC para cortes, tentou dar uma guinada mais positiva no acordo na segunda-feira.
"Tendo estado envolvido nas negociações, para dizer o mínimo, o número que a Opep + pretende reduzir é de 20 milhões de barris por dia, não os 10 milhões que estão sendo noticiados", tuitou.
"Se algo assim acontecer, e o mundo voltar aos negócios após o desastre do Covid 19, o setor de energia voltará a ser forte muito mais rápido do que o previsto atualmente. Obrigado a todos que trabalharam comigo para conseguir colocar esse grande negócio de volta aos trilhos, em particular a Rússia e a Arábia Saudita".
Os estoques de petróleo dos EUA aumentaram 15,2 milhões de barris na semana passada, acumulando um total de 30,6 milhões de barris nas últimas três semanas.
Os estoques de gasolina aumentaram 10,5 milhões de barris na semana passada, resultando em uma construção líquida de16,5 milhões de barris ao longo de três semanas.
Os estoques de destilados aumentaram em 0,5 barril na semana passada, embora tenham caído em 2,4 milhões de barris líquidos ao longo de três semanas.
Os destilados, que incluem o diesel, têm sido um ponto positivo nos dados semanais da EIA desde a escalada dos bloqueios nos EUA por causa do Covid-19, devido ao aumento nas entregas de empresas de comércio eletrônico como Amazon (NASDAQ:AMZN) e eBay (NASDAQ:EBAY) e serviços de correio como FedEx (NYSE:FDX) e DHL. Mas mesmo isso estava sendo suprimido agora pela quantidade mínima de caminhões e outras atividades de transporte em meio à paralisia econômica nos EUA.
Quanto à contagem semanal de plataformas, a Baker Hughes registrou uma queda de 179 plataformas petrolíferas nas últimas quatro semanas, para 504. Porém, a contagem geral ainda estava 60% acima de maio 2016, quando estava em 316.
"A redução no fornecimento, se respeitada, não afetará as chegadas antes de junho-julho", disse Olivier Jakob, fundador da PetroMatrix, consultoria de risco energético da Suíça.
“Nas próximas duas semanas, ainda estaremos em um ambiente de destruição máxima da demanda e oferta quase recorde de petróleo bruto. É provável que mais estoque de petróleo seja visível. A perspectiva futura de cortes na oferta e a melhoria da demanda podem reduzir a pressão do contango para o próximo verão, mas é provável que o curto prazo permaneça sob pressão. ”
Contango significa uma situação em commodities em que o contrato do primeiro mês em um mercado específico é negociado com desconto para entrega em outros meses.
No caso de Brent, o petróleo spot de junho estava sendo negociado na segunda-feira à tarde com um desconto de mais de US$ 9,50 por barril no contrato agendado para entrega dentro de um ano. Essa dinâmica de mercado permite que os traders comprem petróleo imediatamente, armazenem-o em algum lugar e tentem lucrar vendendo-o no futuro. Embora isso possa ser lucrativo para o indivíduo, o petróleo armazenado é considerado parte dos estoques globais, diminuindo ainda mais o preço à vista.