Por Barani Krishnan
Investing.com - O ouro caiu novamente na quinta-feira (3), e os rendimentos e as ações despencaram devido à visão mista sobre a recuperação da Covid-19 nos EUA.
Mas o dólar sozinho se recuperou e manteve a maior parte de seus ganhos depois de cair no final do dia. Isso lhe valeu o título de "porto-seguro preferido" de alguns analistas, apesar da política do Fed que dificilmente apoia tal escolha.
O ouro para entrega em dezembro na Comex de Nova York caía US$ 8,7, ou 0,4%, a US$ 1.936 por onça. O contrato futuro de ouro de referência dos EUA perdeu US$ 41 nas duas últimas sessões devido a uma alta inesperada do dólar - apesar de uma queda nos rendimentos dos títulos.
O preço à vista do ouro, que reflete as negociações em tempo real em lingotes, caía US$ 13,49, ou 0,7%, para US$ 1.929,48 às 16h59 (horário de Brasília).
O ouro voltou ao território de US$ 2.000 na terça-feira pela primeira vez em 10 dias, mas foi rapidamente derrotado por uma alta no dólar que poucos poderiam explicar.
A nova Política do Quadro Monetário do Federal Reserve, revelada há uma semana, deixou claro que pode demorar anos até a próxima alta das taxas de juros, agora entre zero e 0,25%. Os rendimentos do Tesouro dos EUA a 10 anos caíram amplamente desde então, refletindo corretamente o maior compromisso do Fed com a flexibilização monetária.
No entanto, o Índice Dólar, que opõe o dólar norte-americano a seis outras moedas importantes lideradas pelo euro, recuperou-se rapidamente de uma queda inicial desencadeada pela nova estrutura do Fed. Desde então, também caiu menos de 0,5%. Ele até recuperou em alguns momentos seu suporte de 93, relativamente visto como otimista no ambiente atual.
“A divergência entre a trajetória dos rendimentos e ações dos EUA e o dólar, a energia e os metais preciosos implica que o dólar ainda é o porto-seguro preferido”, disse Jeffrey Halley, que chefia pesquisas para a mesa de Sydney da corretora online com sede em Nova York OANDA.
A alta do dólar na quinta-feira foi alimentada pelos pedidos semanais de seguro-desemprego dos EUA que, em 881.000, foram melhores do que os 950.000 esperados por analistas. Apesar do número relativamente positivo, Wall Street teve uma de suas maiores quedas nos últimos meses, com o Dow caindo 2,2%, o S&P 500, 3,3%, e o Nasdaq, 4,6 %.
Mas foi o dólar que se tornou o “porto-seguro preferido” dos investidores que fogem do risco na quinta-feira - não o ouro, que tem um legado em tal posição.
Os mercados agora aguardam os números de emprego dos EUA para todo o mês de agosto, esperados na sexta-feira nas folhas de pagamento não-agrícolas do Departamento do Trabalho. Os economistas esperam um acréscimo de 1,4 milhão de empregos no mês passado, após o crescimento de 1,76 milhão em julho.
Ninguém parece saber ainda se o dólar continuará subindo se o número de empregos cair.