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BC deixa em aberto rumo da Selic e diz que política fiscal para preços pode gerar inflação

Publicado 08.02.2022, 08:23
Atualizado 08.02.2022, 10:20
© Reuters. Homem caminha em frente ao prédio do Banco Central, em Brasília
04/10/2021
REUTERS/Adriano Machado
CL
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Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central demonstrou preocupação com a adoção de políticas fiscais que buscam controlar a inflação no curto prazo, ressaltando que as medidas podem gerar efeito contrário, de alta nos preços, mostrou a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira.

O documento foi interpretado por parte do mercado como duro, embora não tenha avançado em informações sobre o percentual de aperto monetário que será adotado na próxima reunião do colegiado, em março. Foi mantida a posição apresentada no comunicado da última semana de que é mais adequado o ritmo do ciclo de altas ser reduzido, deixando indefinida a magnitude.

"A incerteza particularmente elevada sobre preços de importantes ativos e commodities, assim como o estágio do ciclo, fez o Comitê considerar mais adequado, neste momento, não sinalizar a magnitude dos seus próximos ajustes", informou o BC.

De acordo com a autoridade monetária, desde a última reunião do Copom, em dezembro, a maioria das commodities reverteu a queda observada no fim do ano e, em alguns casos, atingiram recordes recentes, reforçando o ambiente de preços pressionados.

A avaliação sobre o risco de usar os cofres do governo para aliviar preços de produtos foi apresentada em meio às discussões feitas no Executivo e no Congresso sobre um possível corte de tributos para aliviar os valores cobrados em combustíveis. Propostas sobre o tema já tramitam no Legislativo, com impactos que podem superar 50 bilhões de reais ao ano.

"O Comitê nota que mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva", destacou o BC.

Na semana passada, o BC aumentou a taxa básica de juros em 1,50 ponto percentual, ao patamar de 10,75% ao ano, mas indicou uma redução no ritmo de ajuste na próxima reunião do Copom, em março, além de apontar que o horizonte relevante da política monetária inclui, “em maior grau”, o ano de 2023. As avaliações foram repetidas na ata do encontro divulgada nesta terça-feira.

Na ata, o BC também mostrou uma revisão relevante na projeção de alta dos preços administrados, categoria que inclui energia elétrica, gás de cozinha e transporte urbano. A estimativa agora está em alta de 6,6% para 2022, ante previsão de 3,8% feita em dezembro.

"A revisão se deveu majoritariamente ao forte avanço nas cotações do petróleo desde a última reunião do Comitê, assim como a itens administrados cujas variações devem se repetir ao longo do ano", disse.

Na visão de Caio Megale, economista-chefe da XP (SA:XPBR31), a ata adotou tom “hawkish” (mais austero e favorável a patamares mais elevados de juros), citando que o BC reconhece o potencial impacto negativo de iniciativas relacionadas a isenções fiscais, como as propostas para reduzir preços de combustíveis.

Megale afirma que o comunicado coloca um “viés inequívoco de alta” para a Selic terminal, que deve ficar em 11,75%, na avaliação da instituição.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, também entendeu o documento como uma indicação mais “hawkish”.

“A autoridade sinalizou que para buscar a convergência das expectativas de inflação para meta, deveria ter um ciclo mais austero do que o precificado pelo boletim Focus”, disse, embora mantenha uma previsão de alta de 1 ponto percentual da Selic em março e taxa terminal de 11,75%.

DESEMPENHO FISCAL

Na ata, o Bacen reforçou a posição de que apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, a incerteza em relação ao arcabouço fiscal mantém elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação.

"Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário de referência", disse.

O BC considerou que suas projeções para a inflação se encontram acima da meta tanto para 2022 quanto para 2023. Por isso, o ciclo de aperto deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência ao longo do horizonte relevante, informou.

A ata reafirma que o ciclo de aperto deve avançar em território significativamente contracionista e que o ajuste de 1,50 ponto, seguido de ajustes adicionais em ritmo menor, é adequado para garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante e a ancoragem das expectativas.

CENÁRIO ECONÔMICO

A ata reforçou que o ambiente externo segue menos favorável, explicando que a maior persistência inflacionária nos Estados Unidos aumenta o risco de um aperto monetário naquele país, o que torna as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes.

Para o BC, a nova onda de Covid-19 adiciona incerteza sobre o ritmo da atividade e pode postergar a normalização das cadeias globais de produção.

Em relação à atividade no Brasil, o Bacen afirmou que indicadores relativos aos setores de comércio e serviços mostraram evolução ligeiramente melhor que a esperada, enquanto a indústria apresentou recuperação em dezembro.

© Reuters. Homem caminha em frente ao prédio do Banco Central, em Brasília
04/10/2021
REUTERS/Adriano Machado

Para 2022, embora registre que o crescimento tende a ser beneficiado pela normalização da atividade e pelo desempenho da agropecuária e do mercado de trabalho, o Copom fez ressalva sobre o futuro.

"Os índices de confiança divulgados desde a última reunião seguem mostrando deterioração, e desenvolvimentos climáticos afetaram as projeções de importantes culturas agrícolas", disse.

Nesse cenário, o Copom afirmou que a inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada em vários componentes, e segue se mostrando mais persistente do que o antecipado.

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