Em um tuíte publicado ontem à noite, o famoso gestor de fundos de hedge Bill Ackman, que está à frente da Pershing Square (NYSE:SQ) Capital, revelou que abriu uma posição vendida “substancial” nos títulos de 30 anos do Tesouro dos EUA, na expectativa de que as taxas desses papéis aumentem.
Ackman justificou sua decisão com base na visão de que a inflação global se estabilizará em torno de 3%.
Ele expressou surpresa com as baixas taxas de juros de longo prazo nos EUA, considerando que mudanças estruturais deveriam levar a uma inflação de longo prazo mais alta. Tais mudanças incluem desglobalização, aumento dos custos de defesa, transição energética, aumento dos benefícios sociais e fortalecimento do poder de barganha dos trabalhadores. “Com isso, ficaria muito surpreso se não víssemos uma inflação mundial persistente de cerca de 3%”.
O gestor observou ainda que, dada a alta dívida de aproximadamente US$ 32 trilhões e os grandes déficits, os títulos do Tesouro de longo prazo parecem estar sobrecomprados. Ackman argumenta que o mercado poderá ter dificuldade em absorver essa sobra sem um aumento significativo das taxas de juros, principalmente com as perspectivas de taxas de refinanciamento mais altas, um aumento na oferta de novos títulos e a diminuição do balanço do Federal Reserve (QT).
Ele também questionou por que o Tesouro dos EUA não está aproveitando as baixas taxas de juros de longo prazo para financiar o governo, considerando o contexto atual.
Ackman mencionou outros fatores relevantes, como a intenção da China de se desvincular financeiramente dos EUA, o fim do controle da curva de juros no Japão (o que torna os títulos do iene mais atraentes se comparados aos títulos do Tesouro para os principais detentores estrangeiros), e as crescentes preocupações com a governança, responsabilidade fiscal e divisões políticas nos EUA, que foram ressaltadas pelo recente rebaixamento da classificação de risco pela Fitch.
Se a inflação de longo prazo permanecer em torno de 3% em vez de 2%, como historicamente ocorre, Ackman concluiu que isso poderia resultar em um rendimento de aproximadamente 5,5% para os títulos do Tesouro de 30 anos.
Ele afirmou ainda que sua gestora abriu uma posição vendida substancial nos títulos de 30 anos do Tesouro dos EUA por duas razões: como proteção contra o impacto potencial de taxas de juros de longo prazo mais altas nas ações e como uma aposta independente com alta probabilidade de retorno, já que ele acredita que existem poucos investimentos macro que ofereçam retornos assimétricos prováveis.
“Os melhores hedges [proteções] são aqueles em que você investiria de qualquer forma, mesmo que não precisasse de um”, concluiu Ackman, que vê essa estratégia como uma precaução prudente dada a situação atual.