Por Peter Nurse e Jessica Bahia Melo
Investing.com – O Banco do Japão manteve sua postura de política monetária extremamente acomodatícia, atingindo o iene, enquanto as ações dos EUA estão preparadas para grandes quedas semanais na esteira da inclinação hawkish do Federal Reserve. A Microsoft poderá em breve receber a aprovação do Reino Unido para sua compra da Activision, enquanto uma expansão do UAW se aproxima. No Brasil, expectativa para próxima fase de programa de renegociação de dívidas.
1. Futuros dos EUA em direção a queda semanal; greve do setor automotivo pode ser ampliada
Os futuros das ações dos EUA subiram na sexta-feira, mas estão a caminho de registrar pesadas perdas semanais, na esteira da sinalização do Federal Reserve de que as taxas de juros permanecerão mais altas por mais tempo.
Às 7h58 (de Brasília), o contrato Dow futuros era negociado em alta de 0,08%, o S&P 500 futuros subia 0,24%, e o Nasdaq 100 futuros avançava 0,44%.
A postura hawkish do banco central dos EUA resultou no aumento dos rendimentos dos títulos, com o índice de referência título de 10-anos subindo para seu nível mais alto desde 2007.
Isso pressionou o setor de tecnologia altamente endividado, com o Nasdaq Composto a caminho de cair 3,5% esta semana, o que seria sua pior semana desde março.
O Dow, de primeira linha, está 1,6% mais baixo até o momento nesta semana, enquanto o S&P 500, de base ampla, está a caminho de cair 2,7%.
Os dados econômicos dos EUA estarão centrados nos relatórios do índice de gerentes de compras de setembro, na sexta-feira, com o Índice de manufatura global dos EUA da S&P devendo mostrar uma leitura de 48, ainda em território de contração, enquanto o índice de serviços deve chegar a um valor saudável de 50,6.
Os dados equivalentes divulgados anteriormente na Europa indicaram que a economia da zona do euro provavelmente se contrairá no terceiro trimestre, com o flash índice composto chegando a 47,1 em setembro, uma ligeira melhora em relação à baixa de 33 meses de 46,7 em agosto.
Ainda, a greve que afeta as três montadoras de Detroit pode ser ampliada ainda na sexta-feira, a menos que novos acordos trabalhistas possam ser acordados antes do prazo final do sindicato UAW.
Na semana passada, o sindicato dos trabalhadores do setor automotivo lançou greves simultâneas em uma fábrica de montagem da General Motors (NYSE:GM), da Ford (NYSE:F) e da Stellantis (NYSE:STLA), controladora da Chrysler, em Missouri, Michigan e Ohio, que produzem o Ford Bronco, o Jeep Wrangler e o Chevrolet Colorado, além de outros modelos populares.
O presidente do UAW, Shawn Fain, deve se pronunciar duas horas antes do prazo final, descrevendo as fábricas que participarão da greve caso não se chegue a um acordo.
Os analistas esperam que qualquer greve mais ampla inclua fábricas que fabricam picapes altamente lucrativas, como a F-150 da Ford, a Chevy Silverado da GM e a Ram da Stellantis.
2. BOJ mantém postura ultra-dovish, iene cai
O Banco do Japão manteve seus juros de referência de curto prazo em níveis negativos na sexta-feira e disse que continuará com seu ritmo atual de compras de ativos e controle da curva de rendimentos para estimular a economia.
Em um comunicado anunciando a decisão, o BOJ repetiu a promessa de manter uma política monetária ultra-flexível "enquanto for necessário para manter a meta (2% de inflação) de forma estável".
Embora essa decisão tenha sido amplamente esperada, ela veio na sequência de comentários recentes do governador Kazuo Ueda, indicando que o banco central estava considerando abandonar esse regime de taxas negativas, após aumentos nos salários e na inflação.
Os dados divulgados na sexta-feira mostraram que o índice de preços ao consumidor ficou acima da meta de 2% do BOJ pelo 17º mês consecutivo, enquanto a leitura do núcleo, que exclui os preços de alimentos frescos e combustíveis, atingiu um recorde de mais de 40 anos.
Os rendimentos dos títulos japoneses de 10 anos caíram quase 2% após o anúncio do BOJ, enquanto o iene japonês caiu 0,5% em relação ao dólar dos E.U.A., sendo negociado perto de uma baixa de 10 meses, a ¥ 148,30, às 04h45 ET (08h45 GMT).
Essa fraqueza do iene levou o Ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, a dizer que não descartaria nenhuma opção, dada a importância do comércio para a economia japonesa.
"Estamos observando atentamente as moedas com um alto senso de urgência", disse Suzuki.
As autoridades japonesas intervieram nos mercados de câmbio em setembro e outubro passados, comprando a moeda japonesa em níveis em torno de ¥145 e ¥150.
3. O Reino Unido provavelmente aprovará a aquisição da Microsoft/Activision
A possível aquisição da Activision Blizzard (NASDAQ:ATVI) pela Microsoft (NASDAQ:MSFT) recebeu um impulso na sexta-feira, depois que o órgão regulador antitruste da Grã-Bretanha disse que a proposta reestruturada, apresentada em agosto, "abre a porta para que o negócio seja aprovado".
A aquisição de US$ 69 bilhões foi bloqueada em abril pelo órgão regulador da concorrência da Grã-Bretanha, que estava preocupado com a possibilidade de a Microsoft dominar o crescente mercado de jogos em nuvem com a compra.
Desde então, a gigante da tecnologia dos EUA tentou acalmar essas preocupações, propondo o desinvestimento dos direitos de nuvem para os jogos existentes da Activision, incluindo o popular "Call of Duty", bem como novos jogos nos próximos 15 anos, para a editora francesa de jogos Ubisoft Entertainment (EPA:UBIP).
O desinvestimento da Ubisoft "aborda substancialmente as preocupações anteriores", disse a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido em um comunicado.
4. O petróleo se recupera após a proibição das exportações russas
Os preços do petróleo subiram na sexta-feira com as crescentes expectativas de oferta mais restrita, mas estavam a caminho de sua primeira perda semanal em quatro semanas, depois que o aviso do Fed sobre o aumento das taxas de juros dos EUA aumentou as preocupações de um impacto na demanda do maior consumidor do mundo.
A notícia de que a Rússia proibiu as exportações de gasolina e diesel, com efeito imediato, para estabilizar o mercado doméstico de combustíveis, deu um impulso ao mercado de petróleo bruto, uma vez que força os compradores de combustível da Rússia a comprar em outro lugar.
Isso se somou a uma situação de oferta já apertada, já que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados mantiveram os cortes de produção anunciados anteriormente.
Às 7h58 (de Brasília), os futuros do petróleo dos EUA eram negociados 1,06% mais altos, a US$ 90,58 por barril, enquanto o contrato do Brent subia 0,78%, para US$ 94,03.
Ainda assim, os índices de referência estão em vias de registrar pequenas perdas esta semana, potencialmente encerrando uma série de três semanas positivas que levaram os preços a máximas de 10 meses no início de setembro.
5. Nova fase do Desenrola começa na próxima segunda
O governo federal divulgou detalhes da próxima etapa do programa de renegociação de dívidas Desenrola Brasil, que abre leilão para credores entre segunda e quarta.
De acordo com o Ministério da Fazenda, será aberto um leilão para credores darem os lances de maiores descontos para renegociação de dívidas negativadas bancárias e não bancárias, como contas de água e luz, de quem recebe até dois salários mínimos com inscrição no Cadastro Único (CadÚnico).
“Os descontos serão ofertados pelas empresas em lances individuais, sobre o valor de cada dívida, e observado o desconto mínimo estipulado para cada lote. As dívidas com os maiores descontos poderão ser renegociadas à vista ou em parcelamento com a garantia do governo, que soma R$ 8 bilhões”, informou o Ministério, que ainda apontou que as dívidas que não tiverem acesso ao financiamento com garantia vão poder ser pagas na plataforma, à vista, com o desconto oferecido pelo credor. É preciso cadastro no site gov.br para renegociar as dívidas em contas prata ou ouro.
Às 7h59 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) subia 0,16% no pré-mercado.
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