Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- Os dados sobre a inflação dos EUA estão cada vez maiores no horizonte, enquanto a China divulga seus dados comerciais mais recentes e a gigante do petróleo Saudi Aramco anuncia um plano para uma nova política de dividendos, apesar de uma recente queda nos preços da energia. No Brasil, analistas repercutem indicações do governo ao Banco Central.
1. Todos os olhos voltados para a inflação dos EUA
Os futuros das ações dos EUA caíram, com os investidores se preparando para a divulgação dos principais dados de inflação da maior economia do mundo no final desta semana.
Às 8h01 (de Brasília), o contrato Dow futuros caía 0,38%, o S&P 500 futuros era negociado 0,36% mais baixo, e o Nasdaq 100 futuros caía 0,40%.
Os dados mais recentes sobre os EUA do Índice de Preços ao Consumidor, que serão divulgados na quarta-feira, provavelmente fornecerão mais pistas sobre o caminho a seguir no ciclo de aperto da política do Federal Reserve. O headline, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, é visto desacelerando marginalmente em uma base anual.
O banco central dos EUA aumentou a taxas de juros em 25 pontos-base na semana passada e sinalizou que pode estar prestes a interromper sua recente campanha de aumentos nos custos de empréstimos com o objetivo de controlar a inflação.
Mas qualquer sinal de inflação persistentemente rígida pode levar o Fed a adotar uma abordagem mais agressiva em suas próximas decisões de política.
2. A lenta recuperação pós-pandemia da China
As importações chinesas caíram mais do que o previsto em abril, enquanto o crescimento das exportações desacelerou, em um possível sinal de que a demanda local na segunda maior economia do mundo continua limitada, apesar da recente reabertura pós-covid.
Importações na China caíram 7,9% durante o período, desacelerando ainda mais em relação ao declínio de 1,4% registrado em março. Os economistas haviam estimado que o número se contrairia em 5,0%.
Exportações, por sua vez, aumentaram 8,5% em uma base anual, superando as expectativas. No entanto, a expansão não foi tão rápida quanto a do mês anterior, apontando ainda mais para uma recuperação mista, já que o setor industrial crucial do país enfrenta dificuldades.
Os dados comerciais podem representar um desafio para as nações com grande exposição aos produtos chineses - uma noção que levou a um abrandamento em uma série de moedas do Sudeste Asiático na terça-feira.
3. Queda nos preços do petróleo; Saudi Aramco sobe
Os preços do petróleo caíram um pouco, reduzindo os ganhos anteriores, com os investidores de olho nos próximos dados de inflação dos EUA.
Às 8h01, o os futuros do brent caíam 0,78%, para US$76,41 por barril, enquanto os futuros do petróleo bruto do West Texas Intermediate, referência nos EUA caíam 0,82%, para US$ 72,56 por barril.
Os preços ainda estão substancialmente baixos no ano, com os mercados aguardando o mais recente índice de preços ao consumidor dos EUA - o maior consumidor de petróleo do mundo. As faixas de negociação devem permanecer bastante apertadas até a divulgação dos números, de acordo com analistas citados pela Reuters.
Enquanto isso, a Saudi Aramco (TADAWUL:2222) viu suas ações subirem depois que a maior empresa de petróleo do mundo anunciou que pretende implantar uma nova política de dividendos, mesmo com sua receita do primeiro trimestre sendo atingida pela queda nos preços da energia.
Em um comunicado na terça-feira, o grupo disse que esse novo pagamento vinculado ao desempenho será de "50% a 70% do fluxo de caixa livre anual, líquido do dividendo básico e de outros valores, inclusive investimentos externos".
Os fundos poderiam ajudar a aumentar os retornos para o governo saudita, que pretende usar os recursos gerados pela Aramco para ajudar a pagar por uma grande reorientação da economia, afastando-a de sua atual dependência da produção de petróleo. Riad é o maior acionista da Aramco.
O que pode complicar essa estratégia é a recente queda nos preços do petróleo. O lucro líquido da Aramco caiu um pouco menos de um quinto, para US$ 31,88 bilhões, nos três meses encerrados em 31 de março, não atendendo às expectativas de consenso da Bloomberg, devido a essas quedas.
4. Palantir foca na inteligência artifical
As ações da Palantir (NYSE:PLTR) saltaram mais de 19% nas negociações pré-mercado nos EUA na terça-feira, depois que a empresa de análise de big data elevou seu guidance para o ano e sugeriu uma forte demanda por sua nova plataforma de inteligência artificial.
A empresa sediada em Denver, conhecida por seus vínculos com agências governamentais, disse que agora espera registrar lucro operacional ajustado de operações de US$ 506 milhões a US$ 556 milhões, acima de sua estimativa anterior de US$ 481 milhões a US$ 531 milhões. A receita também é vista entre US$ 2,185 bilhões e US$ 2,235 bilhões, acima do guidance anterior de US$ 2,18 bilhões a US$ 2,23 bilhões.
As expectativas otimistas foram impulsionadas pelos resultados do primeiro trimestre, com a receita das operações voltar inesperadamente ao lucro graças, em parte, à forte receita comercial dos EUA.
Em uma declaração, o cofundador e CEO Alex Karp previu que a empresa seria lucrativa em cada trimestre até o final de 2023, citando uma "profundidade de envolvimento" esperada com seu novo sistema de IA que é "sem precedentes".
5. Nomeações do governo brasileiro para o Banco Central
O governo anunciou ontem suas primeiras indicações para o Banco Central. Gabriel Galípolo, atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda e de confiança do ministro Fernando Haddad, deve ocupar a diretoria de política monetária, enquanto Ailton de Aquino Santos, que é servidor de carreira desde 1998, foi indicado para a diretoria de fiscalização. Ambos ainda devem ser sabatinados pelo Senado.
Caso as indicações sejam confirmadas, o governo petista passará a ter nomes indicados por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como participantes das decisões de política monetária, em meio A críticas do presidente e de membros do atual governo sobre o patamar atual das taxas de juros. “Avaliamos que dentro do descritivo da experiência do ex-secretário lhe fogem alguns pré-requisitos da cadeira, o que sugere que há um peso exacerbado ao potencial voto por redução da Selic na reunião do Copom”, afirma a Ativa Investimentos.
Flávio Conde, analista da Levante Investimentos, avaliou a indicação coerente e responsável. “O Galípolo tem participado de todas as decisões do governo e tem ido a quase todas as reuniões de Haddad, não apenas com ministros de Lula e PT, mas também com presidentes da Câmara e Senado. Ele tem bom trânsito com todo o governo”. Galípolo deve levar uma visão diferencial para a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), segundo Conde.
Para o economista André Perfeito, escolha de Galípolo não fará os juros serem reduzidos antes do que a atual diretoria do Banco Central imagina como adequado, “mas sem dúvida abre o contraditório dentro do Copom e encaminha a discussão no sentido de trazer outros elementos para a mesa do colegiado”.
Às 8h02 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) caía 0,35% no pré-mercado.